1.6.04

A CONVOCATÓRIA

O inimitável Dr. Arnaut, por ora ministro-adjunto do primeiro-ministro, mandou-me uma carta a cores. Numa folha A4, explica-me as virtudes salvíficas do Euro 2004 para o ego nacional. Eu, um português nitidamente infame, ainda não tinha dado por elas. Vai daí, Arnaut, no final da missiva, determina que eu seja convocado. "Estamos todos convocados", grita o homem, e assina em baixo. Eu não procuro nem desejo intimidades deste género com o Dr. Arnaut. Sobretudo quando elas são um sinal da patética propaganda em torno do grande "desígnio nacional", em má hora aprovado pelo PS, com a complacência posterior do PSD. Acresce que jamais fui tocado pela "graça" do futebol. E exacro profundamente a tirania que ele exerce sobre a nossa precária sociedade, sempre a leste do essencial. Quando o circo acabar, o que é que, de seguida, a cabecinha prodigiosa do Dr. Arnaut irá inventar para entreter a plebe e para a distraír do seu alegre afundamento? No presente clima de falsa euforia, o Euro 2004 é uma espécie de "sopa do Sidónio" de luxo, oferecida pelo Dr. Arnaut, com o dinheiro dos contribuintes e da UEFA, e para a qual estamos todos forçosamente convidados. Eu é que não vou.

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