A GRAVATA
Ao som da selvajaria que decorre na rua, aparece-me, na TVI, o sorridente primeiro-ministro. Ninguém o viu há uma semana depois do tremor grego. Já no episódio russo tinha, naturalmente, aparecido. Terá, de facto, motivos para aparecer e para sorrir. Há uma semana-lembram-se?- Barroso e o seu "governo de coligação" perdiam clamorosamente as eleições europeias. Nada melhor para passar uma esponja sobre o ocorrido, do que parasitar umas vitórias no futebol. O governo pode assim prolongar artificialmente, e com a habitual generosidade do "povo" entretido, o seu estado nefelibata, pelo menos, até ao final da futebolada. Barroso, como ele próprio mencionou há oito dias, "entendeu" a mensagem dos portugueses e, por isso, segue a "via de Alcochete": de vitória em vitória, até à derrota final. Para dar algum colorido à ruidosa circunstância, Barroso decidiu exibir uma gravata com as cores da bandeira nacional, para além do inevitável cachecol. O decoro da função e um módico de bom-gosto estético aconselhariam o chefe do governo a poupar-se a tal imagem. O que lhe vale é que, no meio da algazarra, ninguém deve ter dado por ele. Para a história só fica mesmo aquela berrante gravata.
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