UM VOTO
Não se pense, pelo teor do post anterior, que eu não tenciono votar nas eleições europeias. Nem muito menos que, votando, o faria "em branco". Como escreve Vital Moreira no Causa Nossa, numa democracia eleitoral conta quem vota e não quem se abstém de o fazer. Eu não concebo a nossa famosa "identidade nacional" sem a União Europeia. Gostava de ver o meu país como um espaço de liberdade verdadeiramente cosmopolita, integrado numa Europa federal, um país menos periférico e paroquial e substancialmente mais democrático e menos desconfiado do "outro". Lamento, porém, que o debate em torno de "nós" e da "Europa" esteja a ser, nesta campanha, completamente anão. Os principais dirigentes partidários, quando aparecem, berram vulgaridades folclóricas em torno do último dichote apanhado na praça. A comunicação social, sempre disposta para caçar a pilhéria mais rasteira, como de costume, não ajuda. Continua dramaticamente a faltar-nos o sentido cívico e "republicano" da coisa pública. Há, no entanto, que avançar, seja por causa disso, seja apesar disso. Destas eleições está ausente, na prática, o PSD, o outro grande partido da "integração europeia". Envergonhado e acantonado numa coligação que o diminui, o PSD deu indirectamente liberdade de voto aos seus militantes e simpatizantes. Eu, sem hesitações, votarei no Partido Socialista. Por duas razões fundamentais. A "europeia", porque acompanho as posições do PS e do social-democrata Sousa Franco em relação ao nosso "lado europeu", afinal, o único que interessa. A "interna", por entender que Durão Barroso não soube estar à altura da confiança que lhe foi transmitida oportunamente mas urnas. Deixou crescer um "novo pântano" que se traduz metaforicamente no governo e na falta de força da "Força Portugal". Pela sua natureza contraditória e inócua, não podia naturalmente ter nenhuma.
Sem comentários:
Enviar um comentário