A MÁ EDUCAÇÃO
Corre por aí grave indignação pelo "nível", no caso, "baixo", a que chegou nos últimos dias o "debate político". Desta vez, parece que os habituais jogos florais foram longe demais e, na "sede da democracia", ouviram-se extravagâncias do género "cobarde", "ignorante", "desonesto", "arrogante" e outra adjectivação mais suave. Cá fora, na campanha para as "europeias", o registo é sensivelmente o mesmo ou ligeiramente mais alarve. Houve até energúmenos com responsabilidades nas respectivas seitas que foram buscar aspectos físicos de outras pessoas para arrotarem umas graçolas. Portas, que é ministro de Estado e das tropas, não resistiu ao embalo das suas rídiculas hostes, e também disse a sua piada, com passarinhos e avós à mistura. Ao contrário daqueles que não dormem a pensar na "elevação" que deve presidir ao combate político, como se de um "chá das cinco" se tratasse, eu muito humildemente penso que esta "onda" nada tem de extraordinário. Por duas modestas razões. A primeira, consiste na péssima qualidade do pessoal político presentemente em exercício de funções. Não se pode manifestamente exigir "elevação" a quem, por natureza, a não tem. Os "príncipes" do regime, ou já morreram , ou retiraram-se. Desde há anos que estamos entregues a criaturas vulgares, no que isso tem de bom e de mau. O "novo homem português", sobre o qual o Dr. Cavaco tão laboriosamente teorizou, deu simplesmente "nisto". Por outro lado, não julgo que a questão "semântica" seja assim tão essencial aos costumes políticos. Pela circunstância de as pessoas estarem transitoriamente em determinados lugares, no governo ou no Parlamento, em Belém ou nos tribunais, isso não faz delas "vacas sagradas". Não obstante, o problema - se é que há algum - é diferente. É que, como tenho escrito, no "pacote" democrático vem tudo incluído. Até a má educação.
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