UM BAILE DE MÁSCARAS
Um rápido relance aos jornais e vejo que o Ministério da Cultura, nas excelentes pessoas do ministro e do secretário de Estado, se associou à apresentação da "temporada de Outono" do único teatro de ópera português, o São Carlos. Óperas propriamente ditas, verdadeiramente só a partir de Janeiro. Agora o teatro está fechado para obras de manutenção, particularmente na zona de apoio - não na zona pública, nem no palco - as quais, grossomodo, foram ainda planeadas por mim, quando fazia parte do conselho directivo da casa. Quando me demiti dali em Abril, expliquei que o fazia por duas ou três razões fundamentais que, pelo que vejo, se mantêm: um orçamento desproporcionado, para baixo, em relação às necessidades de programação, uma organização interna cheia de vícios corporativos e praticamente inamovível e uma direcção errática, mais virada para o seu próprio umbigo do que para a instituição que dirige. O Ministério da Cultura podia ter-se poupado ao exercício algo patético ontem proporcionado pelo conselho directivo do TNSC e hoje, de alguma forma, denunciado pelos artigos dos jornais: "a conta-gotas" ou "onde está a temporada de ópera?". Tudo tem um princípio, um meio e um fim. Será que os actuais titulares da Cultura ainda não entenderam que está na hora de agradecer ao director artístico do São Carlos a prestação dos últimos anos e de partir para outra? Até quando se irá manter este funesto "baile de máscaras"?
Sem comentários:
Enviar um comentário