COSMOPOLITISMO
1. Nas breves palavras do JPP: escrevo este texto num cibercafé, sem acentos, nem tempo, sentindo-me, como muitas vezes me acontece, contente por ser "cosmopolita" e com heimatlos. À minha volta está um grupo de trabalhadores do leste, ucranianos, se é que ainda consigo distinguir as diferenças, de Lvov. A Internet faz de telefone e escrevem, escrevem , escrevem. Tem saudades, cuidam da casa, da mulher, dos filhos, da mae, pela rede. Ao lado deles, os blogues parecem inúteis, moinhos de palavras. Prossigamos.
2. Num encontro, em Rabat, perto do hotel em que pernoitava. Passou por mim um latoeiro - não sei se é este o termo - com uma bicicleta, carregada de pequenos objectos de trabalho. Sorrimos e eu tentei perceber o que é que aquele homem, com ar humilde, com a roupa suja do trabalho e do pó, fazia e de onde vinha. Nem ele sabia uma palavra de francês, nem eu sabia uma palavra de árabe. Não sei como, nem porquê, encostámo-nos ao ancoradouro que dava para o "rio" que atravessa Rabat, e estivemos para ali a "falar", por entre gestos e desenhos no ar, uma boa meia hora. Quando ele partiu na sua bicicleta mal amanhada, com o seu ar farrusco e com um sorriso infinito, acenando sempre, eu voltei para o hotel jeitoso e ocidentalizado, remoendo o meu nomadismo frustrado.
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