BIG BROTHER EM CASA
A inefável TVI fez uma sondagem sobre os vícios privados dos adolescentes portugueses, entre os 14 e os 17 anos, mais ou menos. Chegaram à conclusão de que o futuro radioso de Portugal está nas mãos de umas meninas e de uns meninos que fumam loucamente - e não são propriamente cigarros -, que bebem o que podem e o que não podem, que passam as noites em farras e que, para perpétuo desgosto do Prof. César das Neves, fornicam que se fartam, e desde muito cedinho. Aliás, e em primeira mão, uma moçinha de 15 anos revelou a sua "primeira" a Manuela Moura Guedes que, apesar de tudo, reprimiu-se com muita dificuldade a explorar os detalhes sórdidos. As convidadas de Manuela - não sei por que não houve "convidados" - tinham todas um ar muito "beto", de quem vai à missa com a família aos domingos, de quem frequenta colégios privados e bentos, e de quem não parte um prato. Em tudo contrastam com as concorrentes do Big Brother, mais velhinhas, mais pobres, mas, pelos vistos, mais honestas. Quando a TVI explora, em cartazes espalhados pelo País, os rostos e os corpos destes rapazes e raparigas, quase todos oriundos de classes socialmente mais baixas do que as das meninas ontem inquiridas, e faz o que faz com eles dentro da "casa", está a promover junto dos telespectadores das classes média e alta (as que, de facto, não perdem o "espectáculo") um circo tantas vezes humilhante, aproveitando a legítima ambição de tentar ganhar facilmente uns cobres. É que aqueles, a avaliar pela "sondagem", não precisam do Big Brother para nada. Basta-lhes não sair de casa.
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