21.9.03

FLORILÉGIO DOMINGUEIRO

1º O que é que comunica a comunicação social? Perguntava, há uns anos, o José Pacheco Pereira. Dele têm vindo algumas reflexões críticas sobre o poder dos media e dos jornalistas, face à política, à sociedade, aos costumes. Porém, ele sabe bem como explorar o filão. Eu acompanho. É a sua forma, aliás intelectualmente estimulante, de "fazer política". Sem ter que se ajoelhar ou berrar.

2º Regressado. É o António Barreto, às crónicas de domingo no Público. Deve-se-lhe - é bom não esquecer - o melhor retrato feito nos últimos anos ao Engº António Guterres. Tem, por vezes, um desempenho de sibila, muito british, o que em nada diminui a qualidade das prosas e das análises. E começa bem. Sugere a remodelação do Governo e a remoção do Dr. Ferro.

3º Sexo, mentiras e videos. É a melhor síntese que consigo encontrar para as peripécias "Casa Pia" e respectivas adjacências. Alguns ilustres "colegas bloguistas" andam indignadíssimos como o "tal" blogue. Que me perdoem, mas eu não consigo enxergar grande diferença entre "ele", os rostos tapados e as vozes distorcidas que praticam quase diariamente assassinatos de carácter em directo nas televisões, e nos jornais, sem que ninguém se importe particularmente com o exercício. Trata-se apenas de formas diversas de explorar o anonimato cobarde. Quanto ao "processo" propriamente dito, prossegue ao ritmo de telenovela mexicana: hoje um recurso, amanhã, um video, depois de amanhã, uma carta, para a semana, um comunicado, etc. etc. Mas, descansai, está tudo em segredo de justiça.

4º VI Festival Internacional de Órgão de Lisboa. Estive no concerto de abertura, na Sé. Continua por lá, por Mafra, São Vicente de Fora, Basílica da Estrela, Mártires, Igrela Evangélica Alemã e Igreja de São Luis dos Franceses. A entrada é livre, e decorre até ao dia 6 de Outubro. Para quem, como Cioran, ache que sem Bach, Deus seria uma entidade de terceira categoria, pode ir hoje comprová-lo às 16.30, à Sé Patriarcal de Lisboa.

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