MARILYN
1. É da Monroe que falo, mais propriamente de Norma Jean. Não vale muito a pena entrar por essa vastissima torrente de lugares-comuns que inundam os jornais, as revistas, as reportagens ou os documentários quando dela se fala. Não sei se os deuses a amavam ou não, mas o certo é que a levaram bem cedo, aos 36 anos.Também não sei se teve aquilo a que se chama "uma vida em cheio". Suspeito, antes pelo contrário, que à firmeza do seu corpo tão cobiçado, correspondia uma imensa fragilidade de alma e uma doçura vazia, num coração prematuramente desfeito. Julgo que estava a milhas de ser o protótipo da "loira burra". Aquele tal corpo traía-a constantemente e nunca, de nenhum homem ou mulher, obteve gratidão, ela que tanto carinho sempre pedia, mesmo sem pedir.Something's got to give foi o último e incompleto avatar, depois do premonitório Os Inadaptados, de John Huston. Morreu só, como lhe competia.
2. Sobre ela, há várias coisas, a começar pelos filmes, repostos esta semana na RTP. Mas há sobretudo dois ou três trechos que recomendo. O primeiro, de Truman Capote, inserido no livro Música para Camaleões, traduzido e editado pela Bertrand Editores, no original, A Beautiful Child. O segundo e terceiro, ambos de Norman Mailer: Marilyn, uma biografia romanceada-mas pouco- e Of Women and Their Elegance, uma "como que" autobiografia de Marilyn, com fotos de Milton Greene.
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