MARCIANOS
Normalmente utiliza-se este qualificativo para mencionar quem, em relação à realidade terrena e quotidiana, está sempre fora do contexto. Por distintas e científicas razões, dada a proximidade verificada hoje do planeta vermelho em relação ao nosso maravilhoso recanto terrestre, toda a gente se sentiu mais ou menos marciana. Aliás, o nosso amigo abrupto, que nada tem de extra-terrestre, tem dedicado belos posts ao que se passa no firmamento, dando razão a Shakespeare, naquela tirada muito repetida de que "há mais coisas no céu e na terra" no que na "filosofia" de Horácio. No princípio dos anos 50, um distinto escritor americano, Ray Bradbury, escrevia as suas Crónicas Marcianas, nas quais se ficcionava a tentativa, por parte dos humanos terrestres, de conquistar e colonizar Marte, bem como os resultados de tamanha empresa. Hoje a conquista limitou-se a um olhar mais curioso para lá, muitas vezes infantil, através dos instrumentos adequados. Praticamente no final do livro, de que há uma tradução sofrível publicada pela Editorial Caminho, e quando "a casa começou a morrer", uma voz vinda do tecto do escritório da casa silenciosa e vazia, recitou este belo poema de Sara Teasdale que aqui fica no original, para lembrar o dia em que estivemos mais próximos e simultaneamente tão longe do que não sabemos:
There will come soft rains and the smell of the ground,
And swallows circling with their shimmering sound;
And frogs in the pools singing at night,
And wild plum trees in tremulous white;
Robins will wear their feathery fire,
Whistling their whims on a low fence-wire;
And not one will know of the war, not one
Will care at last when it is done.
Not one would mind, neither bird nor tree,
If mankind perished utterly;
And Spring herself, when she woke at dawn
Would scarcely know that we were gone.
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