14.8.03

FIDEL

Fidel Castro fez 77 anos. Desde os trinta e picos que manda em Cuba, com aquela subtileza revolucionária que conhecemos. Já lá estive por quatro vezes e julgo que conheço razoavelmente toda a ilha, a maior e a mais bela das Caraíbas. Nunca me impressionou particularmente a figura de Fidel. Considero-o um ditador e verdadeiramente um fascista. Todos os progressos feitos em Cuba, na medicina, ou na educação, por exemplo, não justificam o preço que aquela gente tem de pagar. Basta olhar para as "lojas", para os "supermercados", enfim, para o "básico" que faz um homem sentir-se digno, para entendermos a imensa desolação que paira no espírito dos cubanos. De facto, não lhes falta o sentido da utopia e da esperança, mas falta-lhes quase tudo o resto, trocado em senhas da "libreta". Foram precisas mais umas condenações à morte mais recentes para o empedernido Saramago perceber. A maior parte do "turismo" que por lá se passeia, não vê normalmente quase nada disto, ou porque é grunho em busca de umas charutadas e de umas cubanas fáceis, ou porque não lhe interessa maçar-se e conhecer. Ao princípio, quando Fidel e os seus desceram a Sierra Maestra, houve quem acreditasse e festejasse com alegria. O ditador rapidamente se encarregou de mostrar ao que vinha. E, pelos vistos, ainda está para estar. O povo cubano merecia melhor sorte. Só para terminar, lembro que Cuba tem bons escritores, também eles devidamente "acantonados" lá dentro ou expulsos, por Fidel. Deixo duas sugestões traduzidas: Paradiso, de José Lezama Lima e Antes Que Anoiteça, de Reynaldo Arenas.

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