ACONTECE ACABAR
Não faço parte do coro de carpideiras que lastima o fim do Acontece na RTP 2. Sempre achei que Carlos Pinto Coelho era uma mera caricatura do boneco homónimo criado pelo Herman José. Se tivesse dúvidas, a entrevista que Adelino Gomes lhe fez e que foi ontem editada na Pública, tinha acabado com elas. O Acontece funcionou em grande parte como uma espécie de zona demarcada da cultura, frequentada quase sempre pelos mesmos prosélitos e praticamente indiferente a tudo o que não fosse a "mesmice" do consenso mole desde sempre instituído nestas áreas. O que se fazia no Acontece pode continuar a fazer-se, em moldes necessariamente diferentes, através dos programas de informação, designadamente os telejornais. Estes podem incorporar um registo de divulgação cultural diária ou quase, se quiserem retirar às suas edições alguns minutos da actual tagarelice inútil. A vida é mesmo assim: há momentos em que acontece acabar. E não vale a pena chorar o leite derramado.
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