29.9.09

O LIBERALISMO DA VIGÉSIMA QUINTA HORA

A meritocracia, a "gestão por objectivos", a facada nas costas, o desprezo pela condição humana, enfim, o pensamento triunfante que calcula e que governa um pouco por toda a parta, já conduziu ao suicídio de vinte e quatro funcionários da France Telecom. Condoído, o gerente da coisa prometeu mais "humanidade" e maior atenção às relações laborais e às transferências de postos de trabalho. Por cá, os "intelectuais" do liberalismo da vigésima quinta hora devem achar maravilhosa a prática desta privatizada empresa. O bezerro de ouro - o lucro - justifica tudo e o seu contrário porque vivemos num tempo desprovido de ética e onde o homem se limita a ser uma peça descartável. E há sempre alguém (o alguém é uma metáfora) disponível para ocupar o lugar do morto seguinte em nome dos "objectivos". O homem não foi feito para a derrota, como escreveu o Hemingway? Não teria tanta certeza. Afinal, a France Telecom (isto é só um nome) prova pode que ser derrotado e destruído.

26 comentários:

Anónimo disse...

É o regresso às notícias da vida real depois de 2 meses de lua de mel cor-de-rosa PS-Comunicação Social. Também hoje se conheceu o estudo sueco que mostra o sistema de saúde português no fundo do buraco em que o PS o colocou. Mas disso (e do fecho das urgências) não se falava desde que fomos de férias em Agosto.

Anónimo disse...

Curioso. Por cá os CTT do PS e do PSD foram um bom exemplo silencioso. Claro que não existiram suicidios mediáticos. Apenas sofrimento desnecessário. A consulta do Miguel Bombarda estava cheia. A consulta do Julio de Matos cheia ficou. Fora os que preferiram o "anonimato" dos consultórios privados. E eu a pensar que ambos os dois partidos se congratulavam com o consenso de Washington e com o pensamento do Cato Institute. Afinal ambos os dois se comprazem com o pensamento extraordinário do genial Borges ex director do MBA francês....e actual vice president em conjunto com os demais 1600! vice presidents daquela sociedade financeira famosissima que agora me falha a memória Goldman....é uma catedral da religião hedonista do graveto e que tem com accionista os nada hedonistas daquele outro movimento com ares de Navarra...

O mundo é fasinante e a coerência um valor pelas ruas da amargura....

Anónimo disse...

Penso que pode dar interesse ler este artigo:
http://www.la-croix.com/Temoignage-France-Telecom-un-drame-qui-nous-concerne-tous/article/2394902/55350

laura disse...

Bem de manhã ouvi esta noticia na rádio e fiquei a pensar; e perguntei-me. (?)

Nesta Europa Cristã, no ano de Graça 2009, qual o verdadeiro valor do homem?

Assustador... há sempre outro para substituir...

Anónimo disse...

É contra este retrato que faz do que somos hoje, no país e na relíquia em que se transformou a Humanidade, que ainda gostaria de possuir forças para lutar. Já não tenho. E, num desacerto espaço-temporal aqui o digo: só o cinismo permite manter o esófago em sentido e não pegar em armas contra todos os filhos da puta que nas empresas, nos governos, ali e acolá, viram tiranetes ao serviço de tiranões subjugando o Homem em nome da pequenina noção que da vida têm. Que merda de gente!

Rita

João Gante disse...

Qual homem? Só se for no colectivo.

No pessoal, o tal "homem" já só é um conjunto de capacidades e características. O que interessa, como se vê não só nas empresas, é publicitá-las bem. E inventar umas outras que fiquem bem, se puder ser.

Vítor Pimenta disse...

Bem. Assino por baixo, caro João Gonçalves.

Anónimo disse...

Liberalismo? Em França? Muito me diz!
Eu não confundiria falta de escrúpulos ou crueldade com liberalismo.

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves,

Não acredite em tudo o que lê, pois não existe qualquer evidência estatística de que se suicidam mais trabalhadores na FT do que na restante França.

Anónimo disse...

"Est-ce qu'on se suicide plus à France Télécom qu'ailleurs ?

La question peut sembler morbide, mais vous êtes nombreux à la poser très franchement dans vos commentaires. Avec vingt-quatre suicides en moins de deux ans, France Télécom est-elle une entreprise plus « suicidogène » que les autres ? Eco89 a examiné les statistiques disponibles. Des chiffres à manier avec beaucoup de précaution.

Direction et syndicats de France Telecom restent discrets sur le sujet, que Sébastien Crozier, de la CFE-CGC, qualifie de « comptabilité macabre ». Il est néanmoins possible de dégager des tendances significatives, mais attention aux interprétations hâtives :

* Les statistiques sont rares, comme le déplorait un rapport sur « les risques psychosociaux au travail » en 2008
* Elles sont forcément incomplètes : la « sous-déclaration » des suicides peut s'expliquer par la discrétion de la famille, des difficultés à déterminer les causes de la mort, voire le « maquillage » en accidents
* Etablir avec précision le lien entre suicide et travail est particulièrement difficile

Plus que dans le reste de la population ?

Non. Le ministère de la Santé vient de publier une étude de l'Inserm sur « la mortalité par suicide en France », qui présente les chiffres les plus récents. Ils concernent l'année 2006 :

* 10 423 suicides en France, soit 16 pour 100 000 habitants

Le nombre de suicides en France diminue régulièrement depuis les années 90, mais assez lentement pour qu'on puisse utiliser celui de 2006 comme élément de comparaison avec le nombre de suicides chez les employés de France Télécom en 2008 :

* 12 suicides pour 102 254 employés en France, soit 11,7 pour 100 000 employés

La valeur de cette comparaison est limitée. Pour savoir si France Télécom est une entreprise particulièrement « suicidogène », il faut exclure les adolescents ou les retraités et se concentrer sur la population active. Et c'est là que les choses se compliquent.

Anónimo disse...

Plus que dans les autres entreprises ?

Difficile à savoir. Nous avons interrogé les ministères du Travail et de la Santé, l'Inserm, la Caisse nationale d'assurance maladie des travailleurs salariés (CNAMTS) : aucun ne connaissait le taux de suicide des actifs.

Et si, par défaut, on prenait en compte la population en âge de travailler ? On peut croiser les données de l'Inserm sur le suicide en 2006 et le recensement réalisé la même année par l'Insee :

* 6 936 suicides chez les 25-64 ans, soit 21,6 pour 100 000 habitants de cette tranche d'âge

Beaucoup plus que la moyenne de France Télécom, mais cette comparaison mélangeant actifs et inactifs est forcément limitée. Le problème, c'est qu'on ne peut pas aller beaucoup plus loin.

Les statistiques de la CNAMTS associent directement suicide et travail, mais elles concernent uniquement les demandes visant à faire reconnaître un suicide comme accident du travail : 49 en 2008, 21 pour l'instant en 2009.

Selon toutes les administrations contactées, il n'existe pas de recensement officiel des suicides par entreprise. Ces deux dernières années, des « vagues » de suicides ont aussi touché Peugeot, Renault et les banques.

Plus de suicides qu'avant ?

La tendance semble s'accélérer. La direction de France Télécom annonce 12 suicides pour toute l'année 2008, et déjà autant pour 2009. Ces chiffres concordent avec ceux de l'Observatoire du stress et des mobilités forcées créé début 2008 par Sud et la CFE-CGC : 23 suicides en dix-huit mois.

Mais le nombre de suicides était déjà élevé les années précédentes. Et parfois beaucoup plus élevé. En 2002, notamment, 29 suicides avaient été recensés. Soit, compte tenu des effectifs de l'époque, un taux de 20,5 suicides pour 100 000 employés.

Le taux de suicide à France Télécom aurait donc nettement reculé entre 2002 et 2008, alors que le groupe poursuivait son « dégraissage » et supprimait 40 000 emplois en France. Paradoxal ?

Ce serait oublier que le taux de suicide n'est pas une statistique comme les autres. La « sous-déclaration » a pu jouer sur son évolution. Et n'oublions pas qu'on ignore la part, dans ces suicides, des motivations professionnelles et purement personnelles

A elles seules, ces statistiques n'expliquent donc pas grand-chose. Et l'émotion suscitée par les suicides récents n'est pas qu'un simple effet médiatique. Comme le montrent les témoignages que nous adressent des salariés de France Télécom, la crise est réelle : le taux de suicide a peut-être diminué, mais la tension, elle, a augmenté."


http://eco.rue89.com/2009/09/17/est-ce-quon-se-suicide-plus-a-france-telecom-quailleurs

jasl disse...

Os defensores do neo-liberalismo depois aguentem-se daqui a uns anos com o regresso do neo-comunismo.

A história repete-se porque a humanidade não aprendeu nada com o passado.

Anónimo disse...

Caro João

O que lhe parece esta notícia de última hora do Público acerca das últimas investigações do caso da compra dos submarinos?

O Portas que se prepare pois ele é o próximo alvo a abater por parte de quem tem os braços muitos compridos. É preciso domesticá-lo e bem. Vamos ver se ele aguenta o embate. Se tem estofo para a guerra suja que se avizinha.


Ou será apenas coicidência? Mas neste caso eu também acredito no coelho da Páscoa e no Pai Natal

fernanda disse...

O seu "amigo" Rangel disse que a política não tjnha nada a ver com a ética...

Anónimo disse...

Entretanto, parece que as negociações do socreti(ni)smo com o CDS já começaram...
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1402902&idCanal=62

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves
Peço desculpa por tratá-lo assim porque não nos conhecemos.
Contudo é a forma mais respeitosa que encontrei.
Já há algum tempo que leio os seu textos e agradeço a sua disponibilidade para falar de assuntos sérios, ou seja, sábios, em contracorrente com a "moda".
Estou cansado de mafarricos travestidos de atitudes humanas.

Mani Pulite disse...

Nenhum submarino consegue meter MFL no fundo.Esse é o maior asset actual do PSD como a sequência dos acontecimentos irá provar.

Emigrante disse...

Na blogosfera, a abjecção está a passar limites jamais imaginados. Ele é o Pitta, ele é o CAA...
O primeiro falsifica números e tira conclusões que nem ao mais burro caloiro de Filosofia se permitiriam.
O segundo mente com todos os dentes e banhas que tem, inventando e insultando a torto e a direito.
Simplesmente reles.

Mani Pulite disse...

O clone do SS,o Suíno Seboso,anda "Desesperadamente à procura de Pacheco".Sugere-se o seu imediato internamento na CAA-Cliníca de Apoio aos Animais Lda. do Largo das Ratazanas para tratamento psiquiátrico.Uma camisola de forças poderá ser necessária.

Eduardo Freitas disse...

Caro João Gonçalves,

"Meritocracia", a "gestão por objectivos", a facada nas costas, o desprezo pela condição humana,
os "intelectuais" do liberalismo da vigésima quinta hora...

Perdoar-me-á (nem sempre podemos estar de acordo), mas parece-me haver aqui uma amálgama de conceitos e metáforas que interessa individualizar.

A quem se refere quando fala nos (domésticos) "intelectuais" do liberalismo?

João Gonçalves disse...

Eduardo... não vê as três televisões? Ou as seis? Não lê jornais, blogues...?

Eduardo Freitas disse...

Caro João Gonçalves... será minha a inabilidade, quiçá incapacidade, interpretativa, mas nas seis televisões que vejo e nos dois jornais que leio, e esquecendo os blogues que frequento, tenho muita dificuldade em identificar intelectuais do liberalismo. Assim, de repente, só me lembro do Espada.

Eduardo Freitas disse...

A facada nas costas e o desprezo pela condição humana são sim características dos círculos, empresas, partidos e dos Estados anti-liberais.

Não é liberal quem o proclama, é-se liberal quem defende e respeita o direito à diferença, à liberdade da escolha, à responsabilidade pelos seus actos, à individualidade de cada um de nós. Quanto ao Estado, o liberal começará por defender que o mesmo tem, em primeiro lugar, que assegurar as Funções tradicionais que lhe são próprias.

É destes liberais que falo. São estes que o João Gonçalves se refere?

dutilleul disse...

« 10 423 suicides en France, soit 16 pour 100 000 habitants »
...
« 12 suicides pour 102 254 employés en France, soit 11,7 pour 100 000 employés »

Portanto a FT está abaixo da média.
É isso?
Está na média, é?

Mas que filha-da-putice vem a ser esta?
Está tudo doido?

Anónimo disse...

Caro Dutilleul, vou responder-lhe sem insultos, o que não foi o seu caso. É lamentável qualquer morte por suicídio, aliás isso prova que as coisas não estão nada bem na FT. Agora o que eu critico é a atenção desmesurada que se deu à FT, sem haver qualquer evidência para tal.

Se estamos a assitir a uma vaga anormal de suicídios, porque é que aparentemente os suicídios são agora os mesmos que eram há 8-9 anos atrás, além de serem o mesmos na restante França?

Que a "crise dos suicidios na Frante Telecom" é real, disso ninguém tem dúvidas. Que haja mais suicídios na France Telecom do que os que seriam de esperar em qualquer circunstância, é que levanta dúvidas.

Basicamente, está-se a espetar uma fama na France Telecom que não corresponde à realidade da France Telecom versus as outras empresas e a sociedade em que se insere.

Pior, qualquer suicídio que ocorra na France Telecom, vai ser "derivado" do clima interno, e sempre que puder ser, ser-lhe-á atribuida tal causa - mesmo que a causa real seja outra.

Tanto quanto podemos saber, não existe nenhuma vaga extraordinária de suicídios na France Telecom, para lá da que seria de esperar naquela sociedade.

dutilleul disse...

Lamento que se tenha sentido insultado já que não era essa a minha intenção.
Rogo-lhe desculpas pela linguagem que, embora exprima na perfeição aquilo que senti ao ler as suas citações, não é meu costume usar em casa alheia.
Devia ter esperado um pouco para recobrar alguma serenidade antes de comentar o seu comentário.

Dito isto, resta-me acrescentar que não repondero o essencial do que escrevi.


Não, espere, acrescento mais: já não me espanta que os “cientistas sociais” das suas citações não sejam coercivamente internados. Aquilo que me surpreende é que este género de alucinada esquizofrenia seja escutada, impressa e citada.