25.4.09

"PREPARAR O ÓRGÃO, POLIR A FUNÇÃO"


«Só num país adormecido é que se acha não só natural como positivo que o primeiro-ministro substitua nas entrevistas as respostas por "mensagens" repetidas ad nauseam e claras intimidações aos jornalistas (e convenientes processos em série que podem não ser vitoriosos mas complicam e muito a vida às pessoas visadas) para não tratarem dos temas proibidos, a começar pelo Freeport. O mesmo caso Freeport que permitiu a Mário Soares fazer um apelo à censura, sem qualquer sobressalto cívico de ninguém, ou a um secretário de estado invectivar a Ordem dos Notários, por tornar público o que é público (...). E mais: se houver uma deriva totalitária ela começará por aí, pela utilização destes novos instrumentos instalados por governantes yuppies sem respeito pelas liberdades, e para quem a palavra "indivíduo" é um anátema e o estado um dogma racional. Todas as comissões reguladoras, todas as "entidades", todas as múltiplas instâncias que nos deviam "proteger" da violação dos nossos dados, defendendo a nossa privacidade, acabarão por ser controladas pelo melhor método, pela escolha das pessoas certas para os lugares certos, pela crescente aprovação de leis que as tornam ineficazes, pela redução ao quixotesco, arcaico e pouco moderno dessas preocupações antiquadas com a liberdade contra a eficácia e comodismo das novas tecnologias. Neste 25 de Abril preocupa-me estarmos a construir a perfeita sociedade totalitária em plena democracia. A preparar o órgão, a polir a função.»

José Pacheco Pereira, Público

3 comentários:

Anónimo disse...

portugal está na agonia.
estou disposto a fornecer
o balde de cal

radical livre

Manuel Brás disse...

Uma sociedade totalitária
em plena fase de edificação,
faz parte da indumentária
da actual (des)governação.

Neste dia da liberdade
que se deve brindar,
a defesa da verdade
é um bem a salvaguardar.

Defensor do respeito
da liberdade de expressão,
ignóbil é o despeito
da imoral castração!

Cáustico disse...

O nosso ordenamento jurídico prevê a aplicação de uma interdição por prodigalidade a todo o indivíduo que esbanja o que possue, colocando-se, com isso, numa situação de necessidade futura e dos seus familiares. Pena é que também não esteja prevista uma interdição para proferir baboseiras com a qual se podia impedir que o chamado patriarca do socialismo de merda, quando não está a dormir, deite cá para fora, sem cerimónias, todas as bacoradas que lhe vêm à cabeça.
Quanto ao secretário de estado, é corrê-lo, simplesmente, por incompetência, por não saber que uma escritura é um acto público, ou por velhacaria ou abuso de poder.