26.4.09

CAMINHAR COM JESUS


"Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não O reconheceram. Perguntou-lhes, então: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?" Um deles chamado Cleófas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?" Perguntou-lhes Ele: "Que foi?" Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e em palavras, diante de Deus e de todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse Ele que havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol; e não tendo achado o Seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a Ele mesmo não viram." Jesus lhes disse. "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que o Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na Sua glória?" E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que Dele se achava dito em todas as Escrituras. Aproximaram-se da aldeia para onde iam e Ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-No a parar: "Fica connosco, já é tarde e já declina o dia." Entrou então com eles. Acontecendo que, estando sentado conjuntamente à mesa, Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então se lhes abriram os olhos e O reconheceram... mas Ele desapareceu. Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os onze e os que com eles estavam. Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão. Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão." (Lc 24, 13-35)


Esta passagem do Evangelho, para além da beleza literária, é fundamental para perceber o papel de Jesus no caminho que percorremos. Só Ele, depois de crucificado pelo nosso egoísmo, pela nossa vaidade, pela nossa dúvida e pelo nosso vazio não nos abandonou - "quem me vê, vê o Pai" - e só Ele nos pode salvar da solidão. O escândalo da cruz é o espelho dramático da nossa vergonha. Os discípulos de Emaús entenderam isso ao crepúsculo, quando o dia declinava. Como eles, tendemos a só nos aperceber da Sua presença - fiel, teimosa, a do verdadeiro amor - quando cai a tarde nas nossas vidas. Jesus, justamente por causa desse amor infinito que nós nos recusamos a ver e a sentir, diz-nos para não separarmos a razão da fé e a fé da razão: "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas." Não nos atrasemos, pois, em reconhecer o Ressuscitado. Ele está no meio de nós.

8 comentários:

Cáustico disse...

Ele está no meio de nós.
Mas, infelizmente, muitos não o aceitam, porque a sua "presença" é um estorvo para o desabrochar e desenvolvimento das suas indignidades, das suas vilanias, das suas malfeitorias.

Joaquim Alves disse...

Subscrevo este texto de todo o coração e lembro que para entender é preciso acreditar para que:
«Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas.» do Evangelho de São Lucas.

Anónimo disse...

como agnóstico tolerante com formação científica:
recuso a teoria do endeusado darwim, cujo avô erasmus fazia versos. não aceito ser macaco sem rabo descendente dum dinoflagelado.
para mim a vida é uma peregrinação seja pelas estradas do golgota, de emaús, de damasco, seja pelas que levam a roma ou a nenhures. cada um escolhe a sua, em companhia ou só.
Cristo é figura impar e não me repugna a ideia de ser filho de Deus.aceito a criação e a ressurreição como fenómenos possíveis.
não aceito a ideia idiota do bang-bang.não havia nada e "derrepentemente" surgiu hidrogénio e energia.a entropia liquida a ideia de eternidade do mundo. um dia isto para.
começa o dia do juizo


radical livre

Anónimo disse...

Aleluia!
Santa Páscoa,
Ana G

Miguel Neto disse...

Basta olhar em volta, para a Natureza, para o Cosmos, como surgiu e como tem evoluído, para as Leis que o regem e gerem, para ser díficil pensar que Tudo é obra de acasos e coincidências. Antes pelo contrário, tudo parece fazer parte de uma Vontadede, obra de uma Inteligência, com um Plano, com um Objectivo.

Para mim, a prova de que Ele existe é a sua Obra.

Anónimo disse...

Se mais não fora, só por esta e por outras sublimes passagens dos Evangelhos que tem transcrito, que nos fazem esquecer por momentos os terríveis tempos que atravessamos alimentando-nos simultâneamente de uma esperança sempre renovada, já merece bem a pena passar pelo seu Blog. Em nome desta e de todas as anteriores o meu humilde obrigada.
Maria

Carlos Duarte disse...

Ele estã no meio de nós, mas ele quer mais............ele quer entrar no coração de cada um de nós.

EIS QUE ESTOU Á PORTA E BATO; SE ALGUÈM OUVIR A MINHA VOZ E ABRIR A PORTA, ENTRAREI EM SUA CASA E COM ELE CEAREI , E ELE COMIGO (APOCALIPSE 3. 20

Será que já o fizeste? Será que tens Jesus no teu coração? O Evangelho, não é algo que se compreenda intelecturalmente sómente, mas sim pela fé, uma fé simples e pura, lendo as escrituras e famliliarizando-se com as mesmas..........

Margarida disse...

É muito complicado ajudar-mos os pequeninos a caminhar para Jesus, quando em casa os fazem seguir em sentido contrário.Infelizmente há demasiados casos desses.