21.1.07

UM DESTINO


Miguel Sousa Tavares, no Expresso, "indignava-se" pela presença de Salazar e de Cunhal nos dez "finalistas" da D. Elisa. Por outras palavras, o Miguel explicava que não íamos a lado nenhum precisamente por causa deste deslumbramento por autoritários e ditadores. De facto, ao lado destes dois, temos ainda o poeta da "Mensagem" - o do "presidente-rei" e da saudação inicial ao "Estado Novo"- , o Marquês de Pombal que não brincava em serviço e meia dúzia de "humanistas" e de visionários cujo legado os vindouros se encarregaram metodicamente de destruir. Porventura o último "homem bom" terá sido D. Carlos I - ninguém se lembrou dele na D. Elisa- e, mesmo esse, apascentou o "ditador" João Franco, acabando às mãos dos tiranos que se seguiram, os amiguinhos do dr. Afonso Costa. Depois do 25 de Abril, a saga continuou. O MFA quis "reeducar" o povo à força por via da "dinamização cultural" e sempre se soube o que queriam o dr. Cunhal e os seus "homens de palha". Com o 25 de Novembro chegou o austero Eanes e, anos depois, o "absolutismo democrático" de Cavaco Silva e de José Sócrates. Somos "geridos" - na política, na cultura, no "espírito" e na economia - por ex-maoístas, por maus salazarentos e por antigos estalinistas reciclados, todos genuínos anti-democratas. São eles a "elite". Não temos, por isso, o lastro de uma democracia liberal que nunca seremos. A "massa autoritária" está-nos no sangue e em tudo. Entre nós não existe - nem nunca existirá - uma verdadeira cultura democrática. O trágico episódio da "rua assassina do Arsenal", como lhe chamou em poema o Joaquim Manuel Magalhães, terá posto um fim a quaisquer veleidades de isto poder ter sido outra coisa. As coisas, porém, são o que são e nós somos o que somos. Sempre pequeninos, sempre respeitosos, sempre venerandos e obrigados.

10 comentários:

Nelson Reprezas disse...

No período final, faltou o "atentos", ao "veneradores e obrigados".
Li o artigo do MST e tive a mesma reacção, expressa no seu post. Um abraço

Anónimo disse...

Não há uma linha neste "post" que eu não tivesse gostado de escrever.

Anónimo disse...

E o pior é que não vejo perspectivas de deixarmos de ser pequeninos...

Anónimo disse...

Ó lusitânea, o 25 de Novembro não é nem jamais foi feriado.

Anónimo disse...

Concordo em geral com este excelente post,em particular com pontos mais raros de encontrar nas opiniões comuns,como a demistificação da 1ª República e a valorização de D.Carlos. Mas a democracia e a civilização não são incompativeis com algum exercicio de autoridade,desde que mitigada pelo balanço das eleições. Mas esse debate(não original)daria pano demais para estas mangas de caixa de comentários...

Anónimo disse...

D. Afonso Henriques - Conquistador
Alvaro Cunhal - Artista
Salazar - ditador
Aristides Sousa Mendes - Humanista
Fernando Pessoa - Monstro
Infante D. Henrique - Ciência
D. Joao II - Visionário
Luis de Camões - poeta
Marquês de Pombal - Grande
Vasco da Gama - oportunista

Anónimo disse...

Concordo com o seu post...e este portugalito merece bem que lhe atiremos com Salazar como o melhor português. Por que não??? Não era OPORTUNISTA, nem CORRUPTO, nem ESTÚPIDO, nem IGNORANTE, nem muitas OUTRAS COISAS MAIS que se veem na grande maioria dos pseudo-democratas (políticos e não políticos)

Anónimo disse...

Ora aí está! Em regra todos os latinos são assim, todos gostam do homem salvador que arruma a casa.Democracia liberal? Isso são "estrangeirices" do norte da europa.

Anónimo disse...

Gostei, embora com atraso, de ler este comentário.

Finalmente, alguém reconhece que o Ensino se vem a degradar desde o salazarismo, a que democacia,infelizmente, deu continuidade.

Que já poderiamos fazer mais? Sem dúvida,mas também muito havia para fazer.

Anónimo disse...

o ensino no tempo de salazar?..... humm deixa ca ver...80% de analfabetos nao era? esta pior agora dizem voces?