17.3.06

NOVIDADES EM BELÉM

Em algumas mentes mais propícias à interpretação literal e paternalista da Constituição da República, o discurso de posse de Cavaco Silva terá parecido excessivo. Apesar dos elogios, a ideia da “estabilidade dinâmica” e da “exigência” terá ficado a pairar nesses cérebros demasiadamente formatados como um possível aviso. Cavaco, convém afirmá-lo, foi igual nesse dia aos dias que antecederam a sua vitória. Não disse nem mais nem menos do que já tinha dito. Quando esclareceu na campanha que não pretendia ficar sentadinho no cadeirão presidencial a ver passar os comboios, o agora presidente deixou claro que não pretendia banalizar ou trivializar o cargo. O discurso inaugural limitou-se a confirmar esse registo de exigência, em relação a si próprio e aos outros. Cavaco será, com naturalidade, um presidente diferente dos que o antecederam. Os tempos, há que dizê-lo, também lhe facilitam paradoxalmente a tarefa. Lá virá o dia em que a mera propaganda não chegará para fazer uma política e para surpreender um desígnio. Cavaco rege-se por critérios de materialidade e de racionalidade e certamente que a “cooperação estratégica” que defende não deixará de ser aferida a partir deles. Em suma, o presidente também “manda” e é bom que mande. Tem legitimidade e ambição democráticas suficientes para o fazer. Não como um pólo alternativo de poder, mas como um ponderado factor de liderança institucional concertada, aquilo a que bem chama de “estabilidade dinâmica”. O país espera mais deste presidente do que de qualquer anterior. E estará atento ao modo como Cavaco irá agilizar os poderes presidenciais promovidos pela Constituição. Porque é disso que se trata, de agilizar para avançar e não de contemplar para deixar tudo na mesma. Para pior já basta assim.
(publicado no Independente)

6 comentários:

Anónimo disse...

... "excelente"

Anónimo disse...

f

Anónimo disse...

u

Anónimo disse...

c

Anónimo disse...

k!

Anónimo disse...

de carregar pela boca...

(grande bocejo)