24.3.06

NÃO

O PS, em matéria de regionalização, vai tentar meter pela janela o que não conseguiu fazer passar pela porta. De acordo com o dr. Junqueiro, uma notablidade do grupo parlamentar socialista, a dita regionalização deverá primeiro "avançar no terreno" - cinco regiões em vez das sete chumbadas em 1998 - e seguidamente referenda-se. Esta decisão original daria depois lugar à figura do "governador civil regional" em substituição dos actuais dezoito, a única ideia razoável desta história. O PS quer à viva força "desforrar-se" dos resultados dos dois únicos referendos realizados até hoje. Em Setembro propôe o do aborto e, pelos vistos, seguir-se-á um outro sobre uma regionalização entretanto posta em prática. O país é pouco mais do que uma pequena caixa de fósforos. Não precisa de mais "divisões" sustentadas por mais burocracia. Assim, para além dos caciques autárquicos, teríamos os suseranos regionais, coisa que só de pensar nela me dá arrepios. Esta ideia manhosa do "faz-se agora" e legitima-se depois é perigosa. Para o PS, naturalmente. Arrisca-se a ficar com o mesmo resultado de há oito anos.

4 comentários:

Rui Coutinho disse...

Caro João,
Desta vez não posso deixar de discordar. Com várias coisas. Desde logo com a ideia de que as autarquias servem meramente um determinado caciquismo. Há nas autarquias, é um facto. Como há no parlamento e no Governo. Como em tudo na vida, há bons e maus profissionais. Boas e más pessoas.
Mas mais do que isso, discordo profundamente da sua noção de regionalização. E basta viver longe dos centros de decisão [que estão todos, invariavelmente, na capital] para perceber a necessidade de uma descentralização administrativa, que reduza, sim, a burocracia e permita agilizar a ligação das populações [e de quem as representa] com a dita administração central.
Criará caciques regionais? Eles já existem há muito. Como existem caciques na administração central...
Um dia, com algum tempo, conto-lhe coisas tão absurdas que se têm passado na relação de um Município com a administração central e com os seus organismos, esses sim, excessivamente marcados por uma enorme desresponsabilização, pela inexistência de uma noção de serviço público e por um caciquismo se calhar pior do que outros: o corporativo.
Um abraço.

Nota: também votei contra no referendo da regionalização. porque aquilo não era uma regionalização nem, pior, uma descentralização administrativa.

Rui Coutinho disse...

apenas uma adenda: é óbvio que não concordo minimamente com a estratégia do faça-se agora, referende-se depois... enfim... nestas questões de regionalização, o ps continua a ser um elefante numa loja de porcelana...

Anónimo disse...

Daria muito trabalho distinguir o que é distinto, isto é, a regionalização (que não pode ser feita sem preencher certos requisitos constitucionais, que não são preenchidos por golpada) e a desconcentração (que obedece a requisitos legais diferentes, pela simples razão de que é uma coisa diferente)? Daria muito trabalho separar o que diz um qualquer deputado do PS, que gosta de inchar o balão, e o que realmente o governo e a maioria propõem fazer? E, já agora, já vai sendo tempo de julgarmos as coisas pelos seus méritos própios e não (apenas) pela sombra de guerras políticas (mal-)passadas.

Antonio Almeida Felizes disse...

..

Para quem verdadeiramente se interesse por esta problemática, sugiro:

Regionalização