13.4.04

SEM FUNDO


O venerando Tribunal de Contas analisou a despesa com a ampliação do metropolitano de Lisboa. Entre outras barbaridades, fica-se a saber que as portinholas automáticas e modernaças que entalam diariamente algumas dezenas de passageiros, custaram a módica quantia de 33 milhões de euros. Desta verba, a empresa obteve um mísero retorno de 2 milhões. O Tribunal também foi ver as empreitadas adjudicadas entre 1999 e 2003 e concluiu que o desvio entre o inicialmente adjudicado e as "revisões de preço" posteriores - entre contratos adicionais e "trabalhos a mais não formalizados" - obriga a somar cerca de mais 42 milhões de euros ao previsto. O desvario, contudo, não fica por aqui. Por causa dos erros e dos "acidentes" de percurso, o desastre do Terreiro do Paço, que se previa ser da ordem dos 41.5 milhões de euros, deverá acabar em 66 milhões. O Metro de Lisboa entra assim, da pior maneira, para a triste saga do betão, e com a "nuance ambiental" do esventramento de uma das mais belas praças da Europa, sem solução à vista. A impunidade política e técnica com que isto acontece é praticamente doutrina assente. O malogro do Terreiro do Paço começou com o PS e continuou com a coligação. Pelo caminho "afundou" diversos ministros de um e do outro lado. Porém, nada de substancial tremeu, a não ser a terra e o orçamento. Carmona Rodrigues, o actual ministro, é meramente irrelevante. Afinal, a "obra" espelha a "evolução dos 30 anos" que o governo assinala em cartazes espalhados pelo País. A "evolução" de um poço sem fundo.

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