A COMÉDIA DE DEUS
A pedido de várias famílias, o novo partido, o PSD/PP, revelou ao mundo o nome do cabeça de lista para as eleições de Junho. Barroso ainda se torceu um bocadinho, mas o risco de ver, por exemplo, o nome do seu motorista ou sua empregada doméstica associados à liderança da "Força", falou mais alto. Questionado o braço direito do PSD/PP, depois de um esfuziante jantar "popular" nas berças, também ele se mostrou radiante com a preclara opção. Aliás, Portas já conhecia perfeitamente o Prof. Pinheiro, pelo menos desde o episódio da "mantinha" da TAP que, o à altura "seu" O Independente, tão sordidamente explorou. Nessa altura Deus Pinheiro era ministro de Cavaco Silva e, uma vez que ainda não estava criado o PSD/PP, Portas canalizava toda a sua energia diária para o combate e sumário enterro do "cavaquismo", ou seja, do PSD. Para isto, até uma historieta rasca como aquela servia de pretexto. Entretanto, também o próprio Prof. Pinheiro evoluiu. Do ódio de estimação que alimentou contra Durão Barroso, ao colaboracionismo com o novo poder, foi um passo de mágica, depois de uns espúrios apoios a notórios adversários de Barroso nos congressos "laranja". Ao Professor espera-o uma tarefa fantástica. É "número um" de uma "força fantasma" que concorre a umas eleições que não lhe interessa minimamente disputar. O voto ideal da "Força" é a abstenção ou, na hipótese Saramago, o novo amigo de Barroso, o voto em branco. Os poucos crentes de serviço, no entanto, atrevem-se a antever sucesso. É o caso de um anónimo dirigente do PSD que, apesar de reconhecer ser o homem pouco "mobilizador", vê nele uma excelente escolha para "atrair" o "centro" e a "administração pública" (sic), já que Deus Pinheiro é presidente da comissão que "estuda" a reforma da dita. Este extraordinário argumento, que vi reproduzido no Diário de Notícias, demonstra que as nomenclaturas partidárias normalmente vivem numa outra dimensão. Em primeiro lugar, não consta que os trabalhadores da administração pública tenham pedido ao Prof. Pinheiro para os "reformar". Em segundo lugar, a meia dúzia deles que sabe que existe uma comissão para o efeito, exacra profundamente o exercício o qual, aliás, tem dado um excelente resultado. Ou seja, nenhum. Em último lugar, é conhecida a estima geral de que goza o governo junto dos funcionários públicos. Por tudo isto, a missão do Professor não se entrega nem ao nosso pior inimigo. A menos que, como tudo indica, isto não passe de uma comédia...de Deus.
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