10.4.04

A APOTEOSE DO VAZIO

Decorre mais um período de alegre anestesia cívica, com debandadas em massa para o Algarve e outras paragens. O governo e os partidos que o apoiam - a imaginativa e bem sucedida coligação - aproveitaram para colocar uns anúncios nos jornais. Os primeiros, destinam-se a evocar os famigerados "primeiros dois anos" e, apesar de lá constarem os símbolos do PSD e do PP, parece que estão reproduzidos, com a mesma "lata", no portal do Governo. Os segundos visam enaltecer o 25 de Abril, confundindo-o com as "realizações" do governo as quais, na opinião dos seus autores, muito contribuem para a "evolução" e para o "progresso" da Pátria. Uns e outros são, naturalmente, pura propaganda. E, nalguns casos, enganadora. O curioso desta reles história é que há para aí muito comentador que acredita que este é um governo "reformista". E não estou já a pensar em lambe-botas do nível de um Luis Delgado. Acreditam- vejam lá! - que há mesmo ímpeto reformador e que, da fase da "contabilidade criativa", se vai passar para a "economia", para o "social", para o "justo" e para o "cultural", nos próximos dois anos, como jurou Barroso. Ao menos a propaganda convence alguém para além de si própria. Este governo e os (seus) comentadores de estimação são, a preto e branco, a imagem possível do País de Abril de 2004, ou seja, a apoteose do vazio.

Sem comentários: