SÃO CARLOS, PORQUE...
Porquê, pois, falar tanto do Teatro Nacional de São Carlos? As pequenas prosas que este blogue tem dedicado ao assunto, desde Junho do ano passado, resumem o essencial e já davam para um opúsculo...Quem, sabe, um dia. Só para não deixar o Henrique Silveira sem resposta, alinhavam-se umas quantas linhas muito directas, em jeito de sumário.
Devemos prestar atenção ao que se passa no Teatro Nacional de São Carlos:
- porque é o único teatro de ópera nacional;
- porque tem um volume de despesas de funcionamento brutal e é pago quase exclusivamente pelos contribuintes (o "quase" é por causa do mecenato BCP, instituído por protocolo no tempo de Carrilho, e com termo certo), o que justifica a avaliação, por entidade independente, do trabalho (gestão e produção artística) até agora realizado pelo "projecto Pinamonti";
- porque tem uma história e uma tradição que honram a cultura portuguesa e a cidade de Lisboa;
- porque a actual direcção não sabe estar à altura dessa história e dessa tradição, vivendo de fait divers e de frivolidades, em permanente "teoria da conspiração" - coisa própria de gente imatura - , com apoio proporcionado a partir do Ministério da Cultura;
- porque a manutenção do status quo se deve naturalmente ao poder político sediado na Cultura, de que são "epígonos conjunturais" o Dr. Amaral Lopes (sim, é verdade, também existe um ministro...) e o seu dedicado chefe de gabinete, outro "mestre" na "teoria da conspiração", ambos demasiado virados para o "social" da coisa e a para a circunstância, e menos para o incómodo da "avaliação" cultural e política;
-porque esta saga inóspita deve entrar no "inventário" dos dois anos de governação "cultural" de D. Barroso por interposto Roseta;
- porque apesar da indulgência cristã com que H. Silveira analisa o mandato do director do Teatro, um módico de bom senso aconselharia a sua remoção a breve trecho dessas funções, podendo quedar-se pela direcção artística, se, depois de devida e amplamente avaliada a sua prestação nestes três anos, tal fosse recomendável (convém lembrar que coordenadores, assessores, chefes disto e daquilo, maestro titular muito ausente, etc etc...é tudo da responsabilidade da direcção que é "um" mais "duas");
-porque- e finalmente - se trata do "meu" Teatro de sempre, o primeiro em que entrei menino para aprender a gostar de música, e de onde me vi forçado a sair mais "adulto" do que quando lá cheguei, de novo, há dois anos.
Nota: Para fornecer os "números" relativos ao orçamento do São Carlos, fui ao site do Ministério da Cultura. Apesar do dom de ubiquidade da adjunta do Ministro e do Secretário de Estado para as questões financeiras, ainda ninguém se lembrou de "actualizar" o orçamento... que "parou" em 2002, o último orçamento "socialista". Mesmo aí se pode ver que, a par com o então IPAE e com o Instituto de Comunicação Social, o São Carlos detinha dos maiores orçamentos de funcionamento de entre os organismos do MC, situação que permanece praticamente inalterada.
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