22.3.04

ENTRE O CÉU E O INFERNO


O Hamas jurou vingar a sangue o assassinato do xeque Yassin, com a frase "vamos abrir as portas do inferno". Pelos exemplos conhecidos, talvez seja para levar a sério esta bela e tenebrosa imagem. De facto, não podemos representar o que o referido xeque significava no "imaginário" político e religioso de milhares de palestinianos e, por simpatia, de milhões de árabes. Seguramente o suficiente para que muitos deles se deixem imolar no fogo ateado pelos seus próprios corpos contra o ocupante judeu. O gesto do anafado Sharon, justamente condenado por meio mundo, vai certamente provocar mais do mesmo, ou mais "em pior". É só esperar para ver. Enquanto o movimento "Hamas" perdia o seu dirigente espiritual, por cá comemoravam-se os 97 anos da Irmã Lúcia. Lembram-se dela? Nas suas últimas "aparições" públicas, Lúcia revelava-se mais lúcida do que se poderia esperar, deixando transparecer uma certa "esperteza" popular num discurso sempre coerente na sua incoerência. Cada povo tem a emanação divina que merece. Daqui em diante, o céu de Yassin abre as "portas do inferno". Mais modesto, o céu de Lúcia é a mesma luz, entrevista pelos "pequenos", no cimo de uma árvore plantada na planície então deserta e infernal do lugar pobre de Fátima.

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