17.3.04

A GRANDE ILUSÃO

Como disse no post anterior, não me parece que haja nada para comemorar na vitória do PSD de há dois anos. Digo isto por ter contribuido para o efeito. Morais Sarmento, o taumaturgo, explica que tudo o que foi "preparado" nestes dois anos, frutificará na segunda parte da legislatura e que "já se sente" (ele sente...) a "inversão do ciclo". Perdão, mas do que é ele que está a falar? Pelo caminho, está praticamente consumada a diluição do PP, uma entidade eleitoralmente insignificante, no PSD, e deste na "ideologia" do primeiro. Uma justa alegria para milhares de sociais-democratas! De resto, foram dois anos a enxotar o "centro político", a irritar a classe média, a deprimir o "social", a negar o "económico" e a promover brilhantes mediocridades. Vale a pena continuar assim? O Jumento, a prova viva da recôndita inteligência de algumas alimárias, sugere e eu acompanho: vamos mas é discutir o que nos interessa, ou senão corremos um sério risco de passar metade desta legislatura a discutir a Casa Pia e a outra metade o Bin Laden. Há muito para discutir neste país, incluindo a forma como as nossas forças de segurança são geridas, ou como estão equipadas; mas também há um sistema de educação que nos promete sermos tão atrasados daqui a vinte anos como somos agora; ou um sistema de saúde que parece um mealheiro para alguns interesses; ou um buraco fiscal que nos espreme a existência. E termina, perguntando: vamos fazer um intervalinho para não enjoar?Ou, pergunto eu, para quê insistir na grande ilusão?

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