16.10.11

O RISCO DO ESTIGMA


Bagão Félix é entrevistado no Diário de Notícias. São poucas as perguntas e boas as respostas. Embora só possa ler lida em papel, a ideia fundamental da coisa já foi formulada noutra ocasião: o corte não deverá abranger apenas os rendimentos de trabalho, essencialmente da função pública, mas chegar, também, aos rendimentos de capitais. «Devia ser alargado aos trabalhadores por conta própria, aos liberais e aos por conta de outrem. Evidentemente aí estou consciente de que o Estado não pode determinar a supressão do subsídio de Natal e de férias, só por acordo entre as partes, ou através de uma imposição fiscal.» Tem razão.

7 comentários:

Anónimo disse...

Bagão pode teorizar e "acreditar" no que quiser. Pode deixar-se entrevistar e comentar tudo. É certo que o considero - junto com uma porção grande dos portugueses - como uma pessoa honesta, competente e de princípios. Vem hoje no DN uma lista de ministros das finanças e o respectivo desempenho no 'déficit'; Bagão, mercê de vicessitudes várias - alheias certamente à sua vontade - não se encontra particularmente bem colocado, embora não seja dos piores. Com Bagão ou sem Bagão, com mais justiça ou menos equidade, o que o Primeiro Ministro afirmou ontem diante dos autarcas (devidamente) pálidos é inteiramente verdade: "no sector privado, não considerando a minúscula porção dos cargos dirigentes, os trabalhadores ganham 10 a 15 % menos do que na Função Pública" - ou seja, MUITÍSSIMO POUCO. Vivem ainda, há muitos anos e diariamente, no medo permanente do despedimento; a Saúde, para eles, é ainda um sector mais lento e frio do que para os beneficiários da ADSE; as suas relações com o fisco são um pesadelo Kafquiano, e as andanças constantes na S.S. um calvário capaz de quebrar o ânimo aos mais duros. Contudo o IRC e o trabalhador "da privada" - enquanto contribuintes - são quem suporta tudo nas suas magras e estreitas costas. Se é certo que a Administração Pública possibilita e viabiliza a vida dos cidadãos e empresas, é ainda mais certo que tem um mau desempenho; que não tem uma actividade produtiva; que não cria riqueza; e que até a parte que lhes cabe para facilitar a vida dos cidadãos em geral (transportes, reguladores, autarquias, certas empresas públicas) são esponjas-mata-borrão de dinheiro às carradas e a um rítmo aflitivo. Não se sabe até quando, mas os funcionários ainda têm protecção e garantia de emprego; e de poder comer no dia seguinte. Tudo isso é negado (naturalmente) aos trabalhadores do sector privado há bastante tempo - sem que se tenha ouvido um rumor ou um suspiro aos comentadores e doutores de economia e até a sindicalistas, que têm assistido ao desemprego mais aflitivo e selvático que dura há pelo menos 10 anos, impávidos; apenas desde 2009 "a coisa" começou a ralar vagamente esses doutores. Mas Bagão pode estar tranquilo, pois a equidade (risível!) vem aí por arrasto para o "privado" também - ainda mais reforçada: redução de salários, mais despedimentos, mais desespero, mais desnorte e mais miséria. Nem é preciso legislar.

Ass.: Besta Imunda

maria disse...

Parece-me que o Estado devia poder decidir sobre salários, subsídios e afins de todo um conjunto de entidades desportivas, culturais, humanitárias, fundações, empresas da dita "economia social" e outras que vivem exclusivamente do erário publico sem que alguém as escrutine.

Anónimo disse...

Mais um que defende que o Estado ainda deve ser mais poderoso.

Extraordinário.

lucklucky

Anónimo disse...

Sao 1520 organismos estatais com 4560 administradores. (18 governos civis, 87 publico-privadas, 356 institutos, 639 fundações, 343 empresas municipis mais 95 secundarias...mais ministerios...)

Anónimo disse...

Estamos a caminho do regime da Coreia do Norte.

Tudo é do Estado!

Anónimo disse...

e as lavagens e branqueamentos quem os faz??? sim, também alguns governantes MAS NÃO OS GOVERNOS!
e as agências de turismo, pertencem a quem??? sim, também a alguns governantes MAS NÃO OS GOVERNOS!
e quem são os donos das PPP? e das grandes empresas de construção, das grandes agências financeiras, das grandes agências de consultadoria, das tais escolas privadas, etc, etc. sim, claro, também são de alguns governantes MAS NÃO DOS GOVERNOS!
é o dinheiro, meus caros, e a HIPOCRISIA das bestas que vão aos governos arrasar tudo o que convém aos privados.
e o pior é que os privados nunca têm deveres de retroatividade como o ESTADO sempre é obrigado a ter!
e por aqui se mede o gradiente do lucro de uns ao prejuízo de outros!

assin: à forca!

Isabel disse...

BF é um grande senhor e, enquanto funcionária pública, agradeço-lhe a observação. O PM não deveria argumentar com a impossibilidade de impor medidas idênticas aos privados. Só os muito burros é que não lhe contraporiam que para isso é que servem os impostos (que têm o nome consigo).Não desejo que os privados sofram o que nós vamos sofrendo, mas "repartindo o mal pelas aldeias" certamente tocaria menos a cada um. Há demasiado tempo que me venho sentido como aqueles judeus a quem iam retirando progressivamente direitos, até lhes retirarem finalmente o direito à vida. Isto e a descarada impunidade dos culpados, mais uma vez cito Herculano "dá vontade de morrer".E, já agora, que andará a fazer Nuno Crato? As escolas continuam a ser largamente lugar de estágio para vândalos e seria tão simples acabar-lhes com a impunidade a que se habituaram!