16.9.10

CONTRA O SECULARISMO AGRESSIVO


Num certo sentido, a Igreja não merece o Papa que tem. Joseph Ratzinger, não me canso de repetir, é um homem notável. Espiritualmente (o que em tempos de vazios mais ou menos cândidos e, sobretudo, tolos e supersticiosos, é uma diferença essencial) e intelectualmente (porque é um contemporâneo mais moderno que todos os broncos que se intitulam "modernos"). Ratzinger é hoje a força da Igreja e não o contrário. Ao clarificar e separar, assume-se como seu chefe e crítico - atento e simultâneo. Até na escolha milimétrica dos países que visita, coisa que analfabetos simples e funcionais não conseguem entender. Bento XVI pretende uma Igreja (um termo que significa "partilha" e "comunidade") unida nos seus fundamentos milenares e não humilhada ou complacente com os desmandos e os crimes cometidos pelos seus membros. Nunca um Papa trouxe tão à luz do sol, para as denunciar, tantas sombras como Ratzinger. Nunca um Papa foi tão longe na expiação pública mais autêntica e profunda dessas rasuras indesculpáveis como Ratzinger. Ao reduzir a Igreja àquilo que ela deve ser - o mais pequeno grão lançado à Terra -, Bento XVI obriga à adesão ou à renúncia sem ambiguidades. Homem perplexo, de fé e sem ilusões acerca do homem (e, por consequência, da Igreja), Ratzinger é um exemplo (se é que ainda alguém valoriza "o" exemplo) num século que leva já dez anos de frustrações e de profunda miséria moral e material. As suas viagens pastorais, por exemplo, são disso prova. Quem as apouca, apouca-se apenas a si mesmo e dilui-se no horroroso espectáculo da vulgaridade que é, afinal, o do mundo.

7 comentários:

floribundus disse...

os intelectuais da revolução fascista que desgoverna o rectângulo 'não vão além das sapatilhas'.

deixem-nos falar que eles 'calarâo-se-âo'

joshua disse...

NÃO PODERIA ESTAR DE ACORDO, meu caro João. O meu coração de crente revê-se inteiramente neste pontificado.

Isaac Baulot disse...

O assunto é tão sério que eu até deveria mudar o nickname para afirmar que concordo em absoluto.
Ratzinger é um intelectual, no bom sentido do termo. É pena que pareça tão difícil compreender isso.

Lura do Grilo disse...

Chapelada ao post

Anónimo disse...

Pena é que este Papa não tenha, fisicamente, tempo para repor, por reconhecimento, o respeito e a universalidade que à Igreja Católica se impõe.
O Papa Ratzinger possui cultura e humildade suficentes para, sem recorrer a um concílio, conseguir restaurar o prestígio de que a Igreja já foi detentora não só como Religião mas como cultura civilizacional.

Anónimo disse...

A força da Igreja advém do Espirito Santo.
Dito isto, inteiramente de acordo com o seu post, embora o desafio papal, embora radical, seja feito de forma doce e serena.

Roberto Ceolin disse...

Ao contrário do que previam todos, a visita foi um sucesso ao que não faltou nem o cómico episódio dos lixeiros mouros presos por terem, no refeitório, feito uma piada acerca de matar o Papa.

Uma viagem de conteúdo: discursos curtos, cheios de significado, nada comparável aos de João Paulo II que falava durante horas e dizia muito pouco.
A coragem de chamar as coisas pelo seu nome (e não me refiro aos abusos) impressionou os ingleses.

Ainda assim os mass media ingleses não perderam a oportunidade de destilar mais um pouco de ódio anti-católico e fazer tudo rodar à volta dos escândalos sexuais.

Para quem estiver interessado todos os discursos do Papa podem ser encontrados aqui:
http://www.catholicherald.co.uk/author/pope-benedict-xvi/