25.9.09

OS "PRINCÍPIOS" DA ESQUERDA E A ESQUERDA SEM PRINCÍPIOS

«E não excluo ninguém à esquerda que aceite um programa de governo assente nos melhores princípios reformadores do PS», escreve Medeiros Ferreira. Com o devido respeito e amizade, está equivocado. Este PS que vai a votos no domingo não tem propriamente "princípios". É uma amálgama de interesses difusos que giram em torno de um poder pessoal que, se desaparecer, deixa de servir. E, evidentemente, muito menos tem princípios "reformadores" ou outros quaisquer. Depois, só a generosidade do MF lhe permite descortinar nessa perigosa e metódica "igreja" que é o BE as "melhores" das intenções. Qualquer ligação ao dr. Louçã é um retrocesso civilizacional de proporções bíblicas. Não foi certamente para isso que o MF pediu, em nome de Portugal, a adesão à União Europeia, pois não?

8 comentários:

Anónimo disse...

Poder, manutenção do poder a todo o custo, manutenção de "clientelas" do poder.
É a isto que se resume o partido do governo.
Acertou em cheio, caro editor J.G.
JC

António Bettencourt disse...

Caro João, não vale a pena. Um militante do PS será sempre um militante do PS: quando a coisa está em perigo é capaz de vender a própria mãe para que "o Partido" continue no poder. Não tenha ilusões. Mesmo que seja uma pessoa da craveira intelectual de um Medeiros Ferreira. Mais tarde ou mais cedo, eles revelam a sua natureza.

Mani Pulite disse...

Como não é pateta o Medeiros acaba por ser patético na defesa do já estabelecido acordo PS-BE.O Soarismo e o Maçonismo acabam por ser mais fortes e toldar-lhe a lucidez e integridade que normalmente tem.O PS está no estado que está porque homens como ele abdicaram.

Cirilo Marinho disse...

João, se me permite, e sem ofensa, terá sido algo ingénuo a confiar e acreditar na idependência, à esquerda.

Deixo-lhe um comentário longo daquele que considero o comentador mais esclarecido da blogosfera:

"Esta mentalidade mafiosa está de tal forma entranhada, que dá para rir.

Um ministro acusou o Fernandes do Público de estar ao serviço do PSD, por causa de um jantar em que esteve com os gajos do PSD. (Que terá sido verdade.)

Mas esperem. É o mesmo ministro que acusa os partidos da direita (ou nesta eleição, o PSD) de fazerem insinuações sobre casos pendentes. É o mesmo que diz que a oposição vive de casos.

E a nossa direita o que responde? Nada!

Uma coisa é visivel. É verdade que a imprensa é de esquerda. Mas não justifica tudo o que se passa no país. É a direita não ter coragem de ser chaga contra esta mentalidade de esquerda, em que qualquer suspeita contra um gajo de direita é gritado aos altos décibeis. E os da esquerda são apagados com um: são delírios.

O caso mais caricato que eu vi nesta campanha, contra a direita, foi este. Um cigano, com dois filhos, pelos vistos foi apanhado a roubar um adversário político. (Isto foi o que nos foi vendido pela imprensa.) E os nossos jornalistas foram pedir explicações ao partido, porque um militante qualquer do partido, candidato a uma Junta ou lá o que foi, foi apanhado a roubar. Isto é de tal forma vergonhoso, que todos deviam chamar à atenção do jornalismo, que isso não se faz e é apenas fazer campanha negativa contra o tal partido.

Mas se o jornalismo se comportou mal, também parte da direita também. Porquê? Porque, perante um caso destes, a direita devia acusar o jornalismo de parcialidade. Mas não. Aposto que muitos da direita até ficarão contentes, por causa dos ódios pessoais.

A nossa direita sofre deste problema. Nunca se defende em conjunto, porque andam sempre aos tiros, uns com os outros.

Mas veja-se a mentalidade da esquerda.

Um jornalista, que vive numa casa camarária, que tem até um nível de vida bom (o que é excelente), é capaz de escrever mil e um artigos contra a direita. Contra os compadrios. Contra a corrupção. Contra os patifes da direita. mas ninguém lhe chama à atenção, que a casa camarária onde ele vive era mais bem entregue a um pobre desgraçado, que estivesse desempregado, que precisasse de ajuda.

Note-se que esse tal jornalista, que escreve mil e um artigos contra a direita, usou da casa por especial favor, mesmo que durante um período da sua vida mais chato. Mas quando voltou a gozar de um nível de vida confortável, ele tinha a obrigação de pensar nos mais pobres. Não o fez.

Mas a direita nunca denuncia estes farsantes de esquerda. Pior. Alguns até ficam orgulhosos em serem muito amigos desta esquerda. Aquilo que se costuma chamar: a direita be comportada. A que agrada a esquerda e até recebe elogios.

Mas enquanto a nossa direita não actuar em bloco contra a esquerda e a sua hipocrisia, nunca terá hipóteses de lutar contra esta esquerda.

Cirilo Marinho disse...

Tenha-se em atenção que, por exemplo, este jornalista que escreve bastante contra a direita, está sempre do lado da esquerda, numa confronto entre um tipo da direita e da esquerda. Mas a nossa direita costuma fazer ao contrário: quando existe um conflito entre esquerda e direita, põe-se do lado da esquerda. Esquecendo que eles dividem-nos para reinar.

Esse é a grande pecha da direita portuguesa: está quase sempre ao lado da esquerda, quando existem combates entre tipos da esquerda e da direita. A esquerda é mais inteligente: defende sempre os da esquerda.

E como a esquerda diaboliza a direita; como a direita divide-se, porque muitos se pelam por um elogio da esquerda; como a direita não denuncia em conjunto esta hipocrisia da esquerda; eles, os da esquerda, ganham sempre.

Enquanto a nossa direita viver de costas voltadas entre si e sob lutas intestinas constantes, a direita será sempre o bombo da festa em Portugal.

Será a direita de tal forma odiada, que um dia, já poucos da direita existem. Qualquer dia a esquerda representa mais de 2/3 da AR, como já dominam na imprensa. Qualquer dia a direita será apenas uma figura de retórica, porque na direita existem demasiados ideólogos, sempre que se acham mais espertos que os verdadeiros líderes.

Hoje, a crise da direita é tão grande, que os partidos comunistas já representam mais de 20% dos votos. Será mérito apenas da esquerda? Não. O mérito de alguns deve-se bastante ao demérito de outros.

Veja-se o caso do nosso CAA. Ele considera-se de direita. Mas não se importa que a direita perca, só porque não gosta de a, b, ou c. ora, ele até pode ter divergências com os resto dos partidos á direita. Mas entre ter divergências e militar contra a direita, numa altura em que o país pode cair na extrema-esquerda, que até defende as nacionalizações, o nosso CAA até tem dúvidas em quem vai votar.

Ora, quem foi militar sabe que para se ser um bom general, tem-se que primeiro aprender a ser soldado. Na direita, há demasiados aspirantes a generais que nunca foram bons soldados. Nem nunca chegarão a generais como até nunca terão companheiros que os defendamm, quando estiverem numa batalha.

É certo que a nossa direita é polvilhada de muitos líderes. A nossa direita tem tantos líderes, que até me pergunto como com tantos líderes e generais, nós não conseguimos derrotar a esquerda.

O problema talvez seja esse mesmo. São tantos os generais e tão poucos soldados, que nesta batalha perdemos sempre.

E assim a esquerda vai reinando. E diabolizando a direita. E destruindo a direita, porque esta brinca às guerras e a esquerda não brinca nem perdoa.

Uns jogam para ganhar, outros para se destacarem. É pena.

anti-comuna"

Cumprimentos

Eduardo Freitas disse...

O João Gonçalves é amigo do seu amigo, o que só lhe fica bem. O João Gonçalves tem memória, longa, o que muito o ajuda na oportunidade e "pontaria" de muitos dos seus posts.

Mas, confesso-lhe, nunca o acompanhei na sua condescendência para com o "Medeiros" pelo que é naturalmente sem surpresa que assisto a mais este arrobo familiar do dito.

Dos Reformadores de há 30 anos, o António Barreto, esse sim, mantém a lucidez e a correspondente isenção de espírito (e alma).

Anónimo disse...

Voto no partido dos votos nulos.
Lá saber do Madeiros Ferreira, senão que tem um excelente sentido de humor.

Nuno Castelo-Branco disse...

A existir acordo, tral poderá ter várias vantagens ou hipóteses:
1. O BE aclimatar-se à vertigem burguesa do PS, para garantir as apetitosas sinecuras que caracterizam tão bem os bloqueiros.
2. Sair do governo ao fim de dois meses, por continuarem a sair soldados para a NATO, empresários a irem com ministros a Angola, etc.
3. Atacar e dividir o PS por dentro, provocando a repulsa por parte do atingido.
4. Os BE's governamentais atolados em protestos de rua, greves, escândalos de má gestão por ignorância, etc. Este é o cenário mais plausível e gostoso (sotaque brasileiro, p.f.).

A alternativa: resolver-se o problema com um tiroteio generalizado, á maneira servo-croata.