13.6.07

O AEROPORTO DE LISBOA -2

Com uma simples frase, Rui Ramos, dos poucos que se conseguem ler, resumiu a coisa: "a Câmara de Lisboa vale bem um aeroporto". Ontem houve aquela cena de opereta dos autarcas do oeste a choramingar junto ao ombro do "jamé", uma encenação apenas bem montada para dourar a pílula. É evidente, como escreve um leitor num comentário, que Lisboa é Lisboa e não vale a pena andar a discutir localizações em Badajoz. Até porque a Espanha é amiga mas não é parva, ou seja, não abdica da "projecção internacional" a partir de Barajas, independentemente - ou sobretudo - se houver TGV, outra obsessão doméstica que andará por aí em breve. Por isso, não foi Cavaco, não foi a CIP, não foram os "estudos" e, acima disso, não foi a pobre da oposição quem "adiou" a Ota. Costa começou a campanha em Lisboa apenas com duas ideias fixas: terraplanar a Portela e dar a Ota por assente. Os amigos mais avisados terão então explicado ao candidato que, a ir por aí, jamais, "jamé" em verdadeiro. "Em Lisboa, a Ota não é propriamente popular, como compreenderam as oposições, cujos candidatos à câmara, sem excepções, tiveram logo o cuidado de se inscrever no coro anti-Ota. Só António Costa ficou de fora, amarrado ao pelourinho do novo aeroporto. Ora, depois das eleições autárquicas, presidenciais e regionais da Madeira, e tendo ainda por cima apostado o seu "número dois", o Governo não podia permitir-se o luxo de mais um resultado pouco brilhante - só por causa de um aeroporto. O rei Henrique IV de França converteu-se ao catolicismo porque "Paris vale bem uma missa". Sócrates terá pensado que a Câmara Municipal de Lisboa vale bem um aeroporto." Escreve Ramos no Público e eu com ele. A Ota e o "lugar-onde" - modelos, equipamentos e outros aspectos técnicos agora não interessam nada - soçobraram apenas porque é preciso eleger o dr. Costa em Lisboa daqui a um mês. "Recuou", diz-se agora. Quem sabe? Dentro de seis meses, já não haverá eleições em Lisboa. O mundo pode mudar outra vez."

6 comentários:

C Valente disse...

agradar a gregos e troianos é dificil, anda mais de um cão a um osso., agora descalcem esta bota , ou melhor este avião

AC disse...

"Andamos todos ao mesmo amigo Barata!" Nem que se tenha de ir nas marchas!
Cpts

António Luís disse...

Concordo e já escrevi (um pouco)sobre isso no meu "Alambique"!

Anónimo disse...

Para mim que viajo pouco porque tenho justificado pavor em andar de avião, está telenovela do novo aeroporto já chateia.
É como se, em vez de um velho do Restelo, houvesse todo um asilo de velhinhos, em coro, a barafustar contra as ideias uns dos outros.
É a Ota, Alcochete, não sei aonde, Portela +1, Portela+2, Portela + Tires (será anedota?), Portela + Alverca, Portela + Beja, no parapeito de minha casa, no meu umbigo de autarca, nas mamas da boazona da minha secretária lá da junta de freguesia, nas Berlengas, etc…
Por fim ao que parece, afinal, não passa de uma questão virtual, um projecto tipo “vai e vem”, tal como o TGV e a nova ponte sobre o Tejo, para dar chama à vida politica nacional e um certo alento inspirador de uma “evolução para melhor” a um povo resignado a ser cada vez mais mal governado e que vê dia-a-dia a sua situação económica e social a degradar-se.
No fim de tudo, felizmente, nem o tal novo aeroporto se constrói, nem o TGV se instala, nem a ponte se edifica, porque, pura e simplesmente isto está de tanga, agora sim, a arrastar pelo fundo.
Ora, sem palha o burro não anda!
Tivemos que chegar a isto – à miséria absoluta - para que estes politiqueiros não façam mais disparates, nem obras megalómanas.
O que é que interessa a uma desgraçada de uma senhora de Vendas Novas acometida de um ataque cardíaco, a quem encerraram o posto de atendimento permanente na vila e este governo de pacotilha manda ir morrer pelo caminho até Évora, que dista a mais de 50 quilómetros?
E, às grávidas que vão parir o “futuro esquecido” deste país nas ambulâncias e táxis a caminho das únicas maternidades abertas no cú-de-judas?.
Tudo porque não há meios financeiros e orçamentais!
Contudo aparecem os meios, para o camarada dos Açores garantir, face à objecção de consciência dos médicos, que mandará, se necessário, vir abortar ao continente, em avião claro, para o que será necessário um aeroporto de recepção com o devido conforto.
E aparecem, nas remodelações e decorações dos gabinetes dos senhores ministros e nos popós topo de gama, em constante renovação, à porta dos ministérios durante a semana, que levam para casa ao fim de semana, e vão aparecer, quando da Presidência da CE, onde o nosso pseudo-novo-riquismo-de-tesos, vaidade pindérica e empoleiramento incompetente, vai novamente dar brado.
R.A.I.

Anónimo disse...

AGORA ALCOCHETE!

Mais seis meses para, finalmente, se… “chutar à baliza”?
(ou as consequências inevitáveis de uma decisão importante)

11 de Junho de 2007 (DIA DE PORTUGAL + 1). Céu muito nublado…

O Governo dá seis meses a um organismo especializado competente (o L. N. E. C. – Laborat. Nacion. de Eng.ª Civil) para estudar a viabilidade técnica de uma “nova” hipótese de localização do futuro Aeroporto de Lisboa. Sim, depois de já ter sido tomada uma decisão “final” sobre este assunto, há oito anos (nunca contestada pelos Governos posteriores)!

Esta “nova” hipótese de localização, porém, não é verdadeiramente nova: já existia aquando da realização de todos os estudos precedentes (é um campo de tiro militar) e nenhum facto novo veio entretanto introduzir qualquer necessidade de reapreciação. Porquê então estudá-la agora (ou, eventualmente, voltar a estudá-la?...)?

Porque a actual Oposição parlamentar, os meios de comunicação social (a opinião dita pública), uma corporação industrial e um elevado número de “especialistas técnicos” pressionaram o Presidente da República para interferir neste assunto, que é da exclusiva competência do Governo. E ele, mansamente, cedeu às pressões!

Confundindo grosseiramente as noções de admissibilidade técnica e consenso técnico – a primeira garante o cumprimento de todas as normas técnicas e regulamentos legais, a segunda exige que todos os técnicos tenham a mesma opinião sobre o assunto (o que, como se sabe, é uma quimera em toda e qualquer actividade humana…), estes ruidosos “actores” da nossa cena política forçaram o Governo a um compasso de espera que não estava nos seus planos, nem tampouco é politicamente justificável (a menos de desconhecidas e muito preocupantes inseguranças governamentais, relativamente à fiabilidade do dossiê “Ota” que herdaram dos quatro ou cinco Governos antecedentes…)!

Mas, antes do mais, VAMOS AO QUE IMPORTA. Após esta forçada decisão, o que poderá acontecer a seguir? Vejamos.

Se daqui por seis meses (se o prazo for cumprido) não for demonstrada pelo L. N. E. C. a viabilidade técnica da hipótese Alcochete, o Governo tem ainda várias opções possíveis:

1ª) avançar finalmente com a construção do Aeroporto da Ota (desperdiçando-se embora mais seis meses, pelo menos…);

2ª) mandar estudar a viabilidade técnica (num prazo de seis ou mais meses, ao L. N. E. C. ou a outra entidade reconhecidamente idónea) de “novas” localizações que entretanto “surjam” (quem sabe até se alguma nova ilhota no Mar da Palha, de preferência plana, formada por uma súbita erupção vulcânica…);

3ª) re-avaliar de novo todo este processo, mediante a consideração de terceiras alternativas ainda reclamadas pela “sociedade civil”, tais como a “Portela mais um” (e, porque não, “Portela mais dois”, ou “Portela mais três”, ou mesmo “Portela mais n”), ou que, entretanto, sejam eventualmente alvitradas de novo pela Confederação da Indústria, ou pela Confederação dos Comerciantes, ou pela Confederação da Agricultura, ou pela Ordem dos Engenheiros, ou pela Ordem dos Arquitectos (e das Arquitectas), ou pela Ordem dos Biólogos, ou dos Médicos Veterinários, ou pela Ordem dos Médicos, ou pela U. G. T., ou pela “Intersindical” (ou até, quem sabe, pelo próprio Presidente da República!)…

Por outro lado, veja-se agora o que poderá acontecer no caso (muito provável) de, daqui por uns seis meses, vir a ser demonstrada pelo L. N. E. C. a viabilidade técnica da hipótese Alcochete, dando ao Governo ainda mais opções (todas elas exigindo mais e mais tempo), para além das já enunciadas, nomeadamente:

1ª) Mandar efectuar um estudo técnico comparativo entre as duas soluções então declaradas viáveis, Ota e Alcochete (somar mais seis a doze meses?);

2ª) Mandar efectuar um Estudo de Impacte Ambiental para a solução Alcochete, que avalie a dimensão dos problemas que se antevê venham a existir com a Comissão Europeia (no caso de esta solução violar, como se prevê, normas comunitárias sobre a matéria), propondo igualmente as indispensáveis medidas de minimização dos impactes ambientais (adicionar mais um a dois anos?);

3ª) Estudar modelos alternativos de financiamento para o novo Aeroporto em Alcochete, que permitam ultrapassar uma eventual perda dos importantíssimos fundos comunitários, destinados à construção do mesmo, pelo motivo indicado no número anterior (acrescentar mais uns cinco a dez anos?)!

O Povo enfim sossegará, os industriais (e restantes corporações) ficarão descansados, o Presidente da República tranquilizado, a Oposição triunfante, os jornalistas e os comentadores políticos exultantes, os técnicos mais atarefados…

Mas alguém ainda acredita que, por este andar, um dia gritaremos “GOLO!”?...

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(este artigo é “dedicado”, entre outras personalidades, a Miguel Sousa Tavares, ao Prof. Eng.º José Manuel Viegas, ao Eng.º Luís Leite Pinto e ao ex-Presid. da C. M. de Lisboa e ex-Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Eng.º Carmona Rodrigues)


Ant.º das Neves.

Anónimo disse...

Prefiro arranjar umas asas e duisfarçar-me de pássaro do que andar em avião que.... me derrube. Então prefiro ser eu a cair.