22.4.07

A TERCEIRA VOLTA

Em apenas dez anos, esta é a terceira encarnação do Paulo Portas. A primeira, inesquecível, começou naquele atravessamento de um pavilhão gimnodesportivo com uma pasta castanha à "James Bond" que culminou na remoção definitiva do dr. Manuel Monteiro para a barreira dos zero por cento. Deste atravessamento emergiu a efémera AD, com Marcelo, que terminou numa entrevista à televisão. A seguir, veio o Paulo lutador e solitário que concorreu a tudo o que mexia até que o dr. Barroso permitiu que ele se "encavalitasse" às suas costas. Foram dois anos e tal de glória, de fatos às riscas, de intimidades com Rumsfeld, da épica marítima contra as histéricas "women on waves" e do despedimento sumário da "marrequinha" da Cruz Vermelha, a fórmula ternurenta por que Portas tratava Maria Barroso. O seu instinto infalível não se enganou quando pressentiu a agonia da fugaz aliança PSD/PP na fuga bruxelense de Barroso. Mesmo assim, foi leal até ao fim e, quando perdeu, permitiu o interregno de Ribeiro e Castro. Enquanto ele ia ao cinema à meia-noite e à neve à Argentina, os seus Melos e Telmos encarregavam-se metodicamente de desfazer o pobre do "Zé" e preparar o dia de hoje. Portas verdadeiramente nunca chegou a fazer o luto da derrota de 2005 e isso poder-lhe-á ser fatal. O Paulo pertence ao clube dos que têm pressa. Como disse um dia Maria João Avillez a um amigo comum - o João Amaral -, o Paulo nunca teve tempo para sofrer das amígdalas como um vulgar adolescente. Foi demasiado adulto demasiado cedo, nos jornais e na política. Talvez daí o ar "desengravatado" desta terceira volta que ele manifestamente ignora como vai e com quem vai ser. Nós também.

7 comentários:

Vladimir disse...

quem com ferros mata, com ferros morre

Anónimo disse...

Se o indivíduo tem um "bom instinto político" também não se engana agora. Por mim ... força !

Mar Arável disse...

Nesta respública de espectáculos pimba o rapaz promete.

Anónimo disse...

Portas tirou do caminho Manuel Monteiro, a sua criatura, até que chegou ao Governo, onde esteve com Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, entre 2002 e 2005. Foi ministro de Estado, da Defesa e daquela "coisa um pouco vaga" que é o Mar, para usar uma definição do próprio Paulo Portas... Em 2005, o "furacão" José Sócrates deixou o CDS/PP abaixo dos 10 por cento e Portas foi à sua vida. Foi, não, disse que ia. Mas nunca foi. Andou sempre por aí. Até arrumar com José Ribeiro e Castro. Sócrates que se cuide...

Anónimo disse...

A viciação desta república é por demais conhecida e, se é verdade que Portas não teve crise de amígdalas na adolescência, também é verdade que ao sistema já só falta o derradeiro "torresmo do cèu" ; Só mesmo o "eterno feminino" para que não solte o último suspiro !

Anónimo disse...

Ó leãozito, não tens nada para fazer para além de republicares a porcaria do teu comentário em todos os blogues que apanhas? fosga-se que chato...

Anónimo disse...

O Prof. MRS - "à uma" com JPP - diz então que Portas incomoda sobretudo Marques Mendes e daí deduz que beneficia o nosso querido engenheiro hidráulico. Pois o PSD que se desunhe.
Não é um partido, no dizer de JPP, «catch all parties» ?
Pois então cace ... ehehe