16.10.06

CABEÇAS DE FLORIBELA

Não acompanho a posição da Fernanda Câncio sobre o aborto. Todavia, reconheço-lhe, nesta e em outras questões, um pensamento coerente, corajoso e autónomo. Nem sequer acho que seja uma questão de "causas" (uma expressão que me irrita). É uma questão de carácter, coisa rara num país de invertebrados. Por isso, considero inadmissível que o jornalista que a TVI - o único que vi - enviou ao CCB para "cobrir" um colóquio do PS, se tivesse referido à colega jornalista ( que foi uma das participantes) como a "namorada" do primeiro-ministro, como se ela não existisse senão por referência àquele. O dr. Albino Aroso, outra pessoa séria que também lá estava, é capaz de ser casado e ninguém se lembraria de falar na mulher. É tempo de as televisões reverem alguns dos seus jornalistas. Sobretudo aqueles que têm cabeça de Floribela.

18 comentários:

Anónimo disse...

E se deixasse de ver a TVI?

Pedro Correia disse...

Só posso estar de acordo.

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves
Mas a relevância de Fernanda Câncio é precisamente a circunstância de ser "namorada" do 1º Ministro. Não fosse esse relevante pormenor e f. seria apenas uma bloguista apagada e uma jornalista sem direito a página de opinião.
Quando a glória é fácil vai-se sempre à boleia de alguém.


hercule-poirot

Anónimo disse...

Monsieur Hercule Poirot,

Acontece que, se passar uma tarde na Hemeroteca,verificará que a Fernanda Câncio já assinava grandes reportagens e páginas de opinião quando o actual Primeiro-Ministro ainda não era mais do que um boy desconhecido - primeiro do PSD e depois do PS...
Certas coisas só se dizem das mulheres, como o João Gonçalves muito bem anota. Os homens, como se sabe, não têm vida privada.

Anónimo disse...

Pois! Os protagonistas: O jornalista da TVI(homem).. a jornalista (mulher).Eles - os machos - andam por aí!...
"E não se pode exterminá-los?"

Anónimo disse...

O hercule poirot está a ficar senil. É pena.

Anónimo disse...

De acordo... claro que a opinião da jornalista vale tanto como outra qualquer, mas já tenho algumas reservas quando me questiono se a Fernanda câncio teria ido ali se não fosse a actual namorada do PM. E mais ainda, se seria ouvida como é. Mas tudo isso é irrelevante quando se procura apenas baralhar para poder dar de novo, porque num país como Portugal, onde pululam os jornalistas com cabeça de floribela e gente que caninamente segue o mando dos senhores bispos, este referendo está, quase, e sublinho o quase, condenado ao fracasso, quando visto da perspectiva dos que defendem a despenalização do aborto. A questão é simples: se a Fernanda Câncio não fosse namorada do PM não estaria neste momento a defender que a questão fosse trabalhada directamente pela maioria absoluta do PS na AR??? Pelo seu passado, como muito bem foi sublinhado, estou em crer que sim. Não vale a pena dizer mais sobre isto. Mas já vale a pena, e muito, falar da mediocridade que reina entre a maioria dos jornalistas em Portugal. Ao que isto chegou!!! E são tantos, mas tantos mesmo, os exemplos de criaturas enfiadas na soberba, a pequenenidade que os envolve, a ignorância, a arrogância... e tudo sem o mínimo de controlo. É por isso que os jornais e rádios vão pelo caminho que vão e nas TV´s já não é jornalismo que se faz, ali floribela-se diariamente. E depois anda o Sindicato de Jornalistas preocupado com as grilhetas que lhes estão a preparar com as novas leis. É importante combater neste campo, mas seria mais importante discutir a floribelização do jornalismo português!!! A expressão é de uma eficácia tonitruante...

Anónimo disse...

a questão é, teria a TVI enviado um jornalista ao CCB se não estivesse lá a "namorada" do primeiro-ministro?

Quanto à linha editorial da TVI nem vale a pena dizer mais nada, vão desenterrar algumas notícias e reportagens com relevância abaixo de zero, mas as audiências justificam muita coisa pelos vistos

f. disse...

caro joão, aquilo não era um colóquio do ps -- essa é uma das patranhas que o expresso inventou sobre o evento, ao qual atribuiu até a natureza de acto de campanha. mas isso agora já não interessa nada. agradeço-lhe o seu post e aproveito para dizer que a sic, onde aliás trabalhei vários anos, fez coisa parecida. vi aliás a peça na sic notícias, cujo director também não gostaria de ser referido como "irmão de" -- mas essa questão não se põe, não é?

quanto àquilo que diz o/a rb, pois bem, só posso dizer que há anos que entro em conferências relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva da mulher, nomeadamente as promovidas pela onu, como comentadora. o sr ou sra rb não sabe porque não foi às conferências e porque nessas conferências não costuma haver tvs nem alcateias de fotógrafos cor de rosa. essa confusão é normal, mas evitável. por essa ordem de ideias, o sr/sra rb poderia até dizer que eu existo no mundo há cerca de um ano.

por outro lado, defendi sempre que esta matéria não devia ter sido objecto de referendo. não mudei de ideia -- apenas reconheço que o facto de ter existido um referendo com resultado negativo, mesmo se com menos de 50% de votantes, torna difícil alterar a lei sem passar por outra consulta popular. e, sobretudo, considero que, tendo em conta que tudo leva a crer que vai haver mesmo um novo referendo, essa discussão já não tem sentido nem utilidade.

Anónimo disse...

A mim tudo me parece bem. A f. há anos que é jornalista e que, segundo agora informa, vai a colóquios e outros eventos sobre os assuntos que lhe interessam. Dispõe agora de uma posição priviligeada para defender esses assuntos/causa e defende-as, porque adora causas. Evidentemente que se a f. continuasse a ser simplesmente a f., não o poderia fazer com a eficácia e visbilidade que agora o faz. Mas não me parece que isso deva contar contra a f. Antes pelo contrário, antes defender as suas causas do que defender a sua conta bancária como muitos fazem.


A f. será criticável mas é pelo seu estilo histriónico para não dizer histérico e esbracejante sempre à procura de causas para defender com uma pose de intransigência muitas vezes infantil e com o único objectivo de se fazer ouvir (eventualmente com prejuízo para as saus "causas"), pela imensa graça que se acha sempre a si mesma mesmo quando não tem graça nenhuma, pelas posições muitas vezes disparatadas e insustentáveis que tenta defender como a eutanásia de nosso senhor jesus cristo ou a inumputabilidade de jovens criminosos do Porto, por estar sempre - independentemente das circunstâncias - do lado do same sexer (para usar uma expressão querida ao João Gonçalves) e, finalmente, por uma certa falta de comedimento que a sua condição de f. lhe deveria sugerir.
Note-se que com a enumeração que fiz não pretendo caracterizar a pessoa na sua privacidade mas sim a pessoa pública, tal como ela se mostra, no exercício da sua profissão e na expressão das suas ideias. Quando se é jornalista e se anda em público, a atitude também conta.

Unknown disse...

Todos têm direito à privacidade e intimidade (que não se confundem). Ninguém deve ser prejudicado (nem beneficiado), pessoal ou profissionalmente, por factos dessas duas esferas (desde que, obviamente, sejam lícitos ou legítimos). Incluindo namoradas de políticos. Dito isto, que reconheço banal, direi o seguinte.
Quando se aceita o pedido de namoro de uma tal personalidade, deve ter-se consciência plena das consequências de tal relação. Sobretudo se se for jornalista/analista/comentadora. Em primeiro lugar (e longe de tentar escrever a "Bíblia" do jornalismo), nunca por nunca usar como fonte privilegiada/anónima o PM. Nenhum facto que chegou ao seu conhecimento por intermédio do PM deve ser revelado, comentado, trocado. Justamente por se tratar de uma relação do foro privado, o PM não pode ser fonte informativa nem musa inspiradora.
O que nos leva a um segundo cuidado especialíssimo: é de evitar a todo o custo comentar/analisar factos directamente relacionados com o desempenho do PM (ou do namorado politico). Se fossem censuras, soariam a falso (quiçá, injustamente); se fossem encómios, seriam completamente despropositados numa namorada.
Daqui à terceira reflexão vai um pequeníssimo salto: é que, tendo sido jornalista (brilhante ou opaca, pouco importa), não é pelo facto da relação ser do foro privado que ela se torna irrelevante para a carreira profissional. Pelo contrário, ser namorada do PM é muítissimo relevante, pelas razões já aduzidas e por uma mais e que está bem documentada neste post de JG e também na resposta da visada: a pessoa é una, não há dupla nem tripla personalidade (espera-se) nem se é uma cómoda onde se arrumam por gavetas os sentimentos, os valores, as convicções, os desejos, as dúvidas e as ideologias. E sendo una, é sempre a jornalista/namorada que está presente e isso requer, por se tratar de um !superestatuto", uma "superexigência".

Anónimo disse...

A Aurora, que suponho ser do sexo feminino, diz que não tem nada contra as causas da Fernanda Câncio - mas zurze-lhe pelo estilo «histriónico, para não dizer histérico e esbracejante sempre à procura de causas para defender». Então como é? As causas existem e são bonitas de defender - desde que não se procurem, e sobretudo, que não se faça barulho sobre elas?
Aurora, parece-me que a menina está mais para Noite Escura do que para Madrugada de alguma coisa... Olhe, veja se, para começar, tem mais «comedimento» ( para usar uma feminina expressão sua) a criticar as outras, em particular as que se tornam visíveis, não pelos namorados que têm, mas pela capacidade de pensar corajosamente e escrever num belo e impudico português....A Fernanda Câncio é assim, pois é - e ainda por cima esbrancejantemente gira, não é? Eu compreendo a sua raiva, Aurorazinha... mas aviso-a que a cura para a sua dor de cotovelo descomedidamente aguda não se encontra em dizer mal da Fernanda Câncio... encontra-se em fazer alguma coisa por si, percebe? Sei lá, até pode ser que algum secretário de Estado mais distraído alguma vez lhe ache graça, percebe?
Quanto às fontes e relações neste país de bidé... pois o que deveria fazer o director da Sic, irmão do Ministro António Costa? repudiar a família? Mudar de emprego?
O trabalho e as militâncias cívicas da Fernanda Câncio falam por si. E falam bem alto, pois é. É isso que muitos, a começar pelos sempre queridos colegas do costume ( os que sonham ter algum/a namorado/a que os chute da mediocridade congénita para o estrelato) não lhe perdoam.
E tenho dito, que tenho mais com que me entreter. Isto por aqui é só baixa teoria conspirativa, não dá sequer para um romancito policial bem urdido.

Anónimo disse...

É este o fascínio de POrtugal: quando se pensa que não se pode descer mais baixo, aparece, saltitante, uma bosta mal cheirosa (e anónima) para provar que a profundidade da merda nacional não tem fim... Good Lord!

Anónimo disse...

Eu não disse que tenho alguma coisa contra as causas da f.

Isos não interessa, mas já agora sempre lhe digo que, por mim, aborto, casamentos entre toda a gente, adopções, eutanásias, drogas, seria tudo livre.

Já a paixão da f. por causas em geral me parece estranha e a forma que escolhe para as defender, lamentável. Mas pronto, é uma filia como outra qualquer.

Adorei o "belo e impudico português" e o "esbracejantemente gira". De facto, por muito que me esforce, não consigo rivalizar.

Desisto do meu Secretário de Estado.

E só mais uma nota: toda a gente sabia quem era o Ricardo Costa antes de saber quem era o António Costa.

Anónimo disse...

Eu, senhora D. Aurora, não posso falar por «toda a gente», porém manda a verdade que diga que... - e perdoe-me a ignorância - não sei quem é o Ricardo Costa,nem em que se distinguiu. Em contrapartida, tenho seguido o excelente trabalho da jornalista Fernanda Câncio desde há muitos anos, primeiro na - infelizmente defunta - Grande Reportagem, e agora no DN. Muito antes de ser obrigado a saber quem era o Sócrates, já sabia quem era ela - unica e exclusivamente por causa dos artigos que assinava. Permita-me que acrescente que considero muito triste assistir a apedrejamentos gratuitos de mulheres contra mulheres... Deve ser da idade, mas tinha esperança de que, se chegasse ao século XXI, encontraria um mundo diferente. Ilusões.

Anónimo disse...

Ó querida Aurora, o «esbracejante» é seu, não seja modesta que até lhe fica mal... E não desista tão cedo do seu tão incerto Secretário, que este Governo está para lavar e durar, e a crise, segundo o ministro da Economia e o grosso da Imprensa-Livre ( que não a Fernanda Câncio, que é uma rapariga sempre presa a causas), se não acabou está quase a acabar.

Senhor Joaquim Fernandes, pois o Ricardo Costa é um rapaz de óculos parecido com o mano António Costa, que, de facto, não teve tempo de se distinguir muito porque desde pequenino exerce funções de chefia na SIC. E isto de mandar não deixa tempo nenhum nenhum para se fazer nada que se veja. Uma canseira, digo-lhe eu, que já experimentei e não gostei. Mais vale a pesssoa dedicar-se às tais causas com que a Aurora concorda mas as quais não se quer dedicar, talvez para não ser histriónica, histérica, esbracejante e descomedida. Mas olhe que é muito mais divertido ser essas coisas todas do que não ser nada.
E onde é que se meteu o meu Poirot, que por aqui andava com uma crise de Alzheimer há umas horas? Se o descobrirem dêem-lhe os comprimidos, está bem? (A Aurora pode tomar um ou dois que tembém é capaz de ficar mais bem disposta). Bons sonhos.

Anónimo disse...

E estamos a falar de quê? Do aborto? Não me parece. De frases giras? Aqui e ali, sim. De namoradas e namorados mais ou menos conhecidos? Sim, sim. Da Fernanda Câncio? Também sim, só ainda não percebi sobre qual das suas personificações. Do senhor PM. Não, desse não, só obliquamente por causa da senhora f. De causas?? Ahhh, agora sim, de causas, mas parece que isso é perigoso, houve alguém que disse que isso era um "filia" como outra qualquer. Ora, uma filia nunca é como outra qualquer, porque quase sempre só se reconhece de fora para dentro. Mas deve ser doença!!! Ou seja, o problema é que há uma série de tipos hoje em dia que não gostam de causas e, ainda melhor, quando as aceitam têm que ser as suas. Mas enfim, a única coisa importante a retirar disto tudo é que a f. ou a Fernanda Câncio, já não me lembro com a luminosidade que se impunha, acha que por ter havido um referendo que negou o aborto, não há mais nada a fazer sobre o sujeito em apreço sem outro referendo. cara F. ou F.C., não acha que num país como Portugal isso é brincar com coisas sérias?? Não é fazer de conta que o passado não existe? Que este país não viveu 50 anos sob um regime religioso-ditatorial-populista?? Por favor... já falta pachorra para estes pirolitos.

Anónimo disse...

Apetece-me repetir isto:


Não valem a pena
as voltas ao galinheiro
se não se for raposa,
mas valem muito menos
essas voltas
se o galinheiro está vazio!!!
Para o metafórico sujeito,
o galinheiro está vazio,
mas as raposas andam tontas
a dar-lhe voltas...
E não é que as raposas
sejam tontas por natureza,
é porque enquanto dão voltas,
quem as olha,
olha raposas a dar voltas
e nas voltas que as raposas dão,
o galinheiro, estando vazio, parece que não.