7.5.04

BOA FORMA

Li num jornal luso-americano que a D. Simoneta Luz Afonso tinha ido ocupar o lugar de Maria José Stock no Instituto Camões. Não acompanhei a novela que levou esta última a ir-se embora. Mas sei que esta senhora está para Pedro Santana Lopes como a primeira para Teresa Gouveia. Ou seja, já não estava propriamente no melhor sítio. Pelo contrário, a D. Simoneta é verdadeiramente uma mulher para todas as ocasiões. Faz parte daquela extensa fila de figuras ditas "transversais", do Estado ou de fora, que estão sempre prontas para servir a qualquer amo e que são apaparicadas indistintamente pelo PS, pelo PSD ou pelo Palácio de Belém. Aliás, a D. Simoneta personificou há uns anos uma cena comovedora, assaz ilustrativa do que acabo de dizer. Num remake dos Estados Gerais do PS, em pleno auge guterrista, a senhora foi abordada pelas televisões, que lhe perguntaram o que é que estava ali a fazer. Na realidade, Simoneta tinha sido um dos "gurus" de alguns eventos "culturais" famosos promovidos pela "cultura" no tempo de Cavaco. A isto Simoneta respondeu que, como funcionária pública, tinha a obrigação de estar com quem mandava nela. E, nessa altura, como quem mandava era Guterres, ela achou por bem ir mostrar-se ao Coliseu. A D. Simoneta parece confundida com várias coisas. O dever de lealdade "funcional" não devia ter nada que ver com a bajulação partidária oportunista. E a eventos partidários assistem "cidadãos", independentemente de serem ou não funcionários públicos e, supostamente, não por causa dessa qualidade. Esta, se quisermos, é a versão "íntegra" da coisa que, pelos vistos, escapa por inteiro a pessoas como a D. Simoneta. Com a sua nomeação, não se perde grande coisa, nem se ganha. Merecem-se uns aos outros, os que convidam e os que aceitam. Esta "reserva" dos "sempre-em-pé", afinal, mantém a sua eterna boa forma.

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