6.4.09

«INTERESSES, PESSOAS COM PODER"


«A pior coisa que pode acontecer a um procurador-geral da República (PGR) é ter um processo contra o primeiro-ministro do seu país. É complicado em qualquer país, mas isso é do senso comum. Seria de uma hipocrisia enorme dizer que é um processo igual aos outros porque não é», realçou Souto Moura, em declarações à Agência Lusa. Para o juiz conselheiro, apesar de o processo não ser igual a tantos outros, «não significa que não tenha que ser investigado como os outros». (...) Enquanto procurador-geral nunca senti pressões de ninguém, mas também não era preciso senti-las no sentido de me dizerem algo directamente. Eu sabia o que as pessoas gostariam que eu decidisse e o que gostariam que não decidisse», afirmou José Souto Moura. «Mas isso não me condicionou em nada», garantiu o juiz. Quanto ao seu mandato, que terminou em Outubro de 2006 após seis anos no cargo, Souto Moura considera que «nem tudo correu bem». «Trinta por cento deveu-se a limitações da minha pessoa, nomeadamente em lidar com a comunicação social, e em 70 por cento esteve relacionado com interesses que estavam a ser atingidos, com pessoas com poder

Souto Moura, ex-PGR

7 comentários:

garganta funda.... disse...

Esta entrevista, dum homem simples e honrado, diz tudo.

Ele próprio "sentia" o poder da canalha que zurzia à volta do processo.

E ainda me lembro dum célebre arauto da ética republicana quando ao telefone dizia que estava
se cagando para o segredo de justiça...

Os mesmos "moralistas" e "cumpridores" da Lei andam agora nas altas esferas a reclamarem inocência e piedade...

Anónimo disse...

Traça um triste retrato da nossa justiça, principalmente para os que pensavam que o exemplo deveria vir de cima e que essa exigência teria que ser levada às últimas consequências pela PGR.

Anónimo disse...

Pois é. Tenho para mim que o ex- PGR é mais um dos injustiçado às mãos da malandragem. Do caos em que caímos não se sai concertando, conciliando, "compromissando"... sai-se em ruptura democrática, varrendo o lixo para o Tejo. E até admito que o ex-PGR seja um dos homens da reconstrução de que o país desesperadamente precisa. E não serão muitos, acho eu.

caozito disse...

Por outras palavras: a pouca vergonha, a bandalheira e o descaramento, atingiram o superlativo.

E não era preciso que mais uma "vítima" do bando de pulhas o viesse dizer; todos nós já conhecemos a canalha e como actua.

Anónimo disse...

portugal foi assaltado pelo bando referido por jardim.
nenhum dos elementos do bando se ofendeu ou desmentiu.
o povo gosta de ser maltratado, de ter um paizinho ou um padrinho, gosta de viver mal, adora o socialismo.

radical livre

Isaac Baulot disse...

Do texto citado no post, (não conheço a entrevista integral) sou levado a deduzir que:

1 -
"Todos são iguais perante a lei" é uma treta.
("Seria de uma hipocrisia enorme dizer que é um processo igual aos outros porque não é")
2 -
Mesmo sem pressões, o Procurador inventa-as.
("nunca senti pressões de ninguém, mas(...)Eu sabia o que as pessoas gostariam que eu decidisse e o que gostariam que não decidisse)
3 -
Se nos casos judiciais estiverem em causa os poderosos, o Procurador erra em 70%, mesmo sem pressões.
("70 por cento esteve relacionado com interesses que estavam a ser atingidos, com pessoas com poder.")

São declarações de um homem honesto.
Para alguns demasiado honesto, o que obstaculizou a reeleição.

Anónimo disse...

A pior coisa que pode haver é o cidadão percepcionar que no seu país o PM e o partido que representa e que não se sabe já muito bem o que é nem o que quer, incutem medo até nas mais altas esferas do poder judicial e que o que está na letra da lei quanto à igualdade não passa de uma fantochada formal. Pela parte que me cabe, e quanto aos casos que tão desgraçadamente o assolam, confio tanto em cada sílaba que sai da boca do PM da República Portuguesa como acredito na santa virgindade da Cicciolina e na bondade do seu silêncio, principalmente ao Domingo, e tenho com ele a mesma relação que Ferro Rodrigues tinha com o segredo de justiça. Este sujeito de "raça" única está conseguir o extraordinário feito de desintegrar a sociedade portuguesa quando ela mais necessitava de arranjar, construtivamente, uma solução para o seu futuro de falência que tentam encobrir com miragens tecnológicas importadas e mirabulantes viagens a alta velocidade que alguém pagará sabe-se lá à custa de que coisas, talvez tão elementares como o mais básico bem-estar. Desgraçadamente, a justiça seria a peça fundamental e a primeira a ser arranjada para que o pocilgo lusitano pudesse ser europeu de facto ou pelo menos tomar-lhe o aroma. Mas está bem arranjada. Estamos todos bem arranjados. Nós e aqueles que já nascem com uma faca espetada nas costas, pelos que já cá não andarão quando for a vez deles abrirem os olhos e fazer alguma coisa, em vez de andarem a cooperar com esta coisa que emana dos processos de selecção que correm nos partidos e que por vezes parecem fazer emergir a mais fina-flor de entre os menos recomendáveis candidatos.