"Porquê esse desejo de todos me verem pelas costas? A resposta [do irmão António José Saraiva] surpreendeu-me: «És das pessoas mais inteligentes e puras que conheço. Mas tu também sabes isso e não o ocultas de ninguém. O teu grande defeito é a petulância. As pessoas aceitam melhor a incompetência, o desmazelo, a inferioridade, que a petulância. E tu és petulante. Mas isso não tem cura.»
José Hermano Saraiva, Como íamos dizendo... (memórias, confidências e lembranças), Álbum de Memórias, I Volume, Junho de 2007
11 comentários:
António José e José Hermano.
Os Pais devem ter sido pessoas verdadeiramente excepcionais.
Venham mais quatro anos. Grande abraço.
Com o AJS verifiquei que a análise da moderação dos comentários foi activada no blogue, o que já tardava. De lixo já andamos todos um pouco fartos. Oxalá o próprio bloguer também consiga esse exercicio que tantas vezes lhe tem faltado, e com o qual só ganharia: moderação. É, para além disso uma forma não conformista, mas atenta, de estar na vida, depois de crescidinhos.É que mesmo pequeninos, podemos crescer, como foi agora o caso.. da moderação. Um abraço, sempre!
Obrigado. Que Deus nos livre dos moderados.
Tive a honra de ter sido aluno do Professor José Hermano Saraiva no Liceu Passos Manuel,em longínquos anos do final da década de 40. Julgo que esta honra "quantum satis" para eu me sentir obrigado, pelo sentimento da gratidão, a enaltecer publicamente um Homem que conseguia transmitir aos alunos o entusiasmo pela História, através de métodos pedagógicos ímpares para a época (não, não estou a falar de uma "pedagogia romântica" que que tem conduzido o nosso ensino às profundezas do descrédito). Talvez por isso,outrossim, nunca, tão fortemente como neste momento, me ocorram ao pensamento e me confortem a alma, as palavras de William Arthur Ward de que faço uso com plena propriedade: "O professor medíocre diz, o bom professor explca, o professor superior demonstra e o grande professor inspira". Ora, o Professor José Hermano Saraiva foi fonte de inspiração para mim e, sem dúvida, para a esmagadora maioria dos seus discipulos; e contiua a sê-lo para a legião de telespectadores que seguem as suas lições magistrais com o condão de chegarem ao coração do povo. E porque a aprendizagem deve ser um processo em constante evolução, eu, hoje, reformado da docência, continuo um seu devotado aluno. Bem-haja Professor e continue a assumir, pela vida fora, uma petulância que noutros pode ser um defeito. Em si é uma qualidade: a de não se esconder atrás de uma falsa humildade que satisfaça a corte de medíocres que se apossaram dos destinos culturais (e políticos) de um pobre país em que a igualdade de desiguais se fez bandeira em proveito próprio, não poucas vezes!
Que Deus de facto nos livre de pessoas que confundem moderação com cobardia. Dos fracos não reza a História.
Um obrigada, João.
´Maria Cristina
Uma frase que me marcou dita por esse grande Homem, num programa de Televisão, acerca dos Transmontanos:
"O Transmontano, pode ser pobre mas não é miserável!"
Guardei na minha memória e não perco um único programa dele. Mais Homens como ele houvessem em Portugal, que não seríamos um País de miseráveis.
Um abraço carinhoso ;))
O professor só podia anunciar tão elequente pensamento após longa reflexão aqui no deserto de palmela.Dizem mal do lado esquerdo da vida mas não prescindem destes ares.
É caso para dizer que dos não petulantes não reza a história.
Nunca vou esquecer o Professor.A ele,ao seu entusiasmo,que desde logo me prendeu ao ecrã da televisão,nos meus últimos anos da Escola Primária,devo o gosto pela História,que nunca mais me abandonou,tão impressivas foram essas primeiras lições.
O Prof. José Hermano Saraiva tem o descaramento dos homens livres, o atrevimento dos sábios, a insolência dos honestos, a arrogância dos que têm um só credo e a imodéstia dos competentes.
R.A.I.
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