10.1.07

A PEQUENA HISTÓRIA

O dr. Carrilho não tem o dom da ubiquidade. A sua imensa vaidade não aguentou muito mais que um ano. Com relativa distância, percebe-se agora que foi um erro de casting para Lisboa ou, em alternativa, a maneira de Sócrates se livrar de um fardo incómodo. Desbaratou, como nunca ninguém antes dele, uma possibilidade muito ampla de conquistar o cargo que ambicionava. Entre o anúncio do propósito e a sua concretização em campanha, Carrilho gastou o tempo a diminuir-se e a diminuir as suas hipóteses de vitória. Sai da Câmara da mesma forma como não conseguiu lá entrar por cima. Mal. Desculpou-se com o extraordinário trabalho como deputado e não resistiu a agarrar-se à treta da "presidência europeia" do segundo semestre, já que integra a comissão parlamentar desses assuntos. Continua a ter-se em grande conta, com um umbigo maior do que a perna. Praticamente só lamento a perda do autor que reflectia com graça e acutilância sobre a filosofia e que, em dado momento, foi o único a dizer que o rei - o bonzinho Guterres - ia nu. Do político, depois destes últimos exercícios de pura futilidade, não há mais nada a dizer. Carrilho passou melancolicamente à pequena história.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estranhamente, o acórdão 617/2006 do Tribunal Constitucional, que em Novembro passado verificou a constitucionalidade do referendo, começa por apresentar os projectos de lei que foram reprovados e ignora o 19/X/1 do partido socialista, que está subjacente ao referendo, aprovado em Abril de 2005.

Acontece que nesse projecto se propõe uma alteração ao Código Penal que contempla a exclusão de ilicitude do aborto “por razões de natureza económica e social” até às 16 semanas (cf. alínea c do nº1).

É patente a armadilha estendida ao cidadão votante no referendo: se as 10 semanas vencerem, a liberalização irá na prática até às 16, uma vez que as sobreditas “razões” económicas ou sociais não excluem “pedidos” e “opções”. Isto se o processo legislativo subsequente ao referendo não alterar nada, o mais provável uma vez que este expediente satisfaz mais que amplamente o que estava proposto nos projectos dos outros partidos de esquerda.

Urge denunciar e esclarecer a situação.

Anónimo disse...

carrilho é como soares: "um umbigo maior que a perna" e uma arrogância enorme!