20.1.07

BATER NA BOCA

Enquanto o primeiro-ministro de Portugal participa em sessões de propaganda do seu partido favoráveis à liberalização do aborto - nos termos em que ela é proposta na pergunta malandrinha de 11 de Fevereiro - sem propriamente estar interessado em debater o assunto friamente, o Bloco e o maior partido da oposição "agarram" no "pacote Cravinho anti-corrupção" (na parte que o PS, com argumentos que fariam corar o aluno mais burro do primeiro ano do curso de direito, fez abortar) e vão apresentá-los, fazendo-os seus, no Parlamento. Vale o gesto, já que a maioria do respeitinho não deixará certamente de invocar o mesmo barroquismo jurídico que alegou dentro do seu grupo parlamentar para continuar a assobiar para o ar. Alberto Martins, Vera Jardim e um senhor dos Açores foram o rosto desse inexplicável barroquismo. Ainda um dia os hei-de ver a bater na boca.

1 comentário:

joshua disse...

Esta questão agasta-me. Deixa-me triste e revoltado, na medida em que levianamente se fala da vida eclodida como de uma tripa administrável e removível. Essa linguagem moderna de novos Doutores Mengele é que me indigna.

Não formulo juízos de valor sobre quem optou por esse caminho, tratando-se em alguns casos até das pessoas que mais amei e amo na vida.

Entendo é que a pedagogia da lei prevê o mínimo respeito e recato perante a vida nascitura.

Reconheço que me excedo retoricamente, mas também não suporto o bom tom e o politicamente correcto em matérias tão densas e nada levianas, nada redutíveis a alegorias filhas-da-puta, como a do ovo e a do frango.

Abraços