21.10.11

CONTRA AS POLÍTICAS SUPERFICIAIS


«As restrições financeiras severas a que o Estado e a economia portuguesa estão sujeitos são hoje o principal problema de curto-prazo que enfrentamos. Uma vez perdido o acesso ao financiamento em condições normais de mercado, as necessidades de financiamento do Estado português passaram a ser satisfeitas pelas transferências previstas no Programa de Assistência Económica e Financeira. É por todos reconhecido que estas restrições financeiras limitam fortemente a capacidade de acção do Estado e sobretudo estão a asfixiar a iniciativa privada. Neste sentido, o processo de consolidação orçamental é um caminho incontornável, e tem de ser associado à profunda reestruturação do Sector Empresarial do Estado. (...) Desde há muito até a esta parte que tem sido tolerado ao Estado que cometesse erros e desvios nos seus compromissos e na sua acção. Ao contrário do que sucede noutras instituições da nossa sociedade, como as empresas, as universidades ou as famílias, ao Estado não tem sido exigido que paute as suas contas e a sua conduta por critérios de rigor e de previsibilidade. Temos de corrigir este hábito perverso que penetrou a nossa cultura política. Acarreta e tem acarretado custos consideráveis. Mina a confiança dos investidores e corrói a confiança dos cidadãos. Gera um clima de incerteza que deteriora as condições de vida das nossas empresas, e afasta as empresas estrangeiras que poderiam investir em Portugal. E danifica a confiança dos nossos parceiros internacionais no cumprimento dos objectivos estabelecidos de consolidação orçamental e de transformação estrutural da economia.(...) Durante muitos anos, e com as melhores intenções, insistimos em medidas tradicionais de incentivo ao crescimento que produziram resultados muito decepcionantes e até contraproducentes. Quanto mais crescia a despesa pública, mais decrescia o nosso PIB potencial. Quanto mais se multiplicavam as políticas superficiais, menos descolava a nossa produtividade. Passou tempo suficiente para fazer um balanço razoável. Agora chegou o momento de uma acção englobante e estrutural de preparação do crescimento económico.»
P. Passos Coelho, 21.10.11

8 comentários:

Anónimo disse...

His master's voice... como o cãozinho dos discos. uma doçura

Lionheart disse...

"Uma vez perdido o acesso ao financiamento em condições normais de mercado, as necessidades de financiamento do Estado português passaram a ser satisfeitas pelas transferências previstas no Programa de Assistência Económica e Financeira. É por todos reconhecido que estas restrições financeiras limitam fortemente a capacidade de acção do Estado e sobretudo estão a asfixiar a iniciativa privada."

Estas frases resumem porque é que o governo quer ir mais além que a "troika". Isto deve ser repetido até à exaustão até que os "tugas" que repetem a cassete da esquerda percebam que isto não é vida para Portugal e quanto mais depressa o país deixar de estar sob intervenção externa melhor para todos. Não há dinheiro para quase nada a não ser para pagar os juros da dívida e isso é INSUSTENTÁVEL. Por isso é preciso fazer todo o "mal" de uma só vez, e não aos bocados, qual PEC I, II, III, IV, e o c******* (desculpe o palavrão, mas é o que apetece) para que Portugal possa começar a recuperar o quanto antes. Senão nem pagamos a dívida nem crescemos, qualquer dia mandam-nos dar uma volta e não temos mesmo financiamento algum e depois quero ver quem é que aguenta isto... Resumindo, É PRECISO IR MAIS ALÉM QUE A "TROIKA", PARA QUE A "TROIKA" SE VÁ DAQUI MAIS DEPRESSA.

Isabel disse...

Se estivessem a ir"mais além" nos bolsos do Lionheart como estão a ir nos meus (carreira congelada há anos,7% de corte no salário e supressão de subsídios de Natal e férias por dois anos), duvido que o seu entusiasmo se mantivesse. O meu ainda aguentou uns tombos, ainda comecei a achar que PPC tinha, afinal, perfil de estadista. Agora, junto a minha voz a Ferreira Leite, Cavaco, Bagão Félix e tantas outras pessoas mais responsáveis e humanas. Sei que estou catalogada entre os "ricos" que devem pagar a crise, os FP, que só têm regalias. Tenho, perante a miséria a que chegámos, um estatuto invejável e invejado, logo, devo pagar até que o meu estatuto de licenciada e professora se aproxime cada vez mais do de qualquer escriturária. Devo, contudo manter o elevado nível das minhas prelecções aos alunos, do alto dos meus sapatos cambados, manter o respeito de jovens que me escrutinam diária e impiedosamente o penteado e a toilette à medida que um e outra vão perdendo qualidade. Devo, ainda, ser criativa na elaboração de testes, embora quase desapareça debaixo de resmas de papéis que as ditas escriturárias deveriam tratar.E devo manter a ordem, mesmo se tudo e todos directa ou indirectamente parecem empurrar os nossos jovens para a impunidade ,o vandalismo e a ignorância.
Lamento, mas muito deste filme já tinha visto no PREC.

floribundus disse...

prefiro René Magritte

Anónimo disse...

Tudo muito certinho mas não há certezas absolutas, apesar do Passos Coelho, até agora, insisto, até agora, ter beneficiado da conjuntura adversa ou do legado do governo perdulário do Engº Sócrates.
Mas as críticas dos seus fans Cavaco a Ferreira Leite a esta proposta orçamental para 2012 que asfixia a economia? O que tem a dizer sobre isto? E já agora, do seu grande líder Dr. Jardim que agravou - e de que maneira - o nosso deficite? O que tem a dizer sobre as suas opiniões e o calote madeirense. Tudo boa gente ou já nem tanto?

Lionheart disse...

Cara Isabel, aos meus bolsos estão a ir há DEZ anos e a estado social praticamente não tenho direito. Não sou rico para ter dinheiro em "offshores", nem pobre para ser subsidiado. Faço parte dos que PAGAM para o sistema e espera não ter de beneficiar dele, porque só se estiver doente é que tenho algum "benefício" do Estado. Prefiro ter saúde.

André Miguel disse...

Palavras encorajadoras. Agora aguardamos pelas acções.

Isabel disse...

Caro Lionheart, se é só há dez anos, das duas uma: ou é jovem ou tem tido a sorte de escapar ao massacre financeiro que vem atingindo a classe
média há mais de trinta. Gostaria de ver publicado um estudo sério sobre a pauperização da classe média a partir do 25 de Abril. Nós,"nem ricos nem pobres, tendencialmente pobres", temos sido obrigados a pagar estádios(ó raiva!), rotundas, auto-estradas, pavilhões desportivos, etc, etc, etc...Agora, parece que temos de pagar o défice...Destinos!