28.9.11

UMA NOITE COM O PRESIDENTE



O Chefe de Estado decidiu conceder uma entrevista a Judite de Sousa seis meses após o início do seu segundo mandato. Fez bem e fê-la bem. Explicou, como aliás tinha explicado perfeitamente em alocuções anteriores, o "estado da arte". Apesar de continuar a afirmar que os poderes do PR são os suficientes, Cavaco demonstrou, para lá da "palavra", que acompanha o sentimento político nacional. Quando a jornalista lhe perguntou se tinha contribuído para a mudança da situação política, o Presidente esclareceu que quem mudou a situação, em 5 de Junho, foi o eleitorado e não ele. É verdade. Como é verdade o que disse sobre a economia, as finanças, a emergência social, o difícil ano de 2012 e a Europa. Ou até sobre a Madeira, sem ter de se armar em "mata-mouros". Os tagarelas responsáveis ou cúmplices pelo "estado da arte" que levou o eleitorado a procurar a mudança de Junho presumivelmente não apreciaram. Zorrinho, esse confrangedor erro de casting de Seguro para o parlamento, sugeriu consonância do teor da entrevista com a maioria que elegeu Cavaco. Não ouviu o que o Presidente disse quanto à necessidade de o PS - que assinou, em nome de Portugal, o acordo com a Comissão Europeia e FMI - não se alhear das suas responsabilidades políticas nem ser afastado delas. Em suma, e depois dos Açores, Cavaco regressou em boa forma política à realidade independentemente da "opinião" das carpideiras que nunca o suportaram. Bem vindo.

6 comentários:

Anónimo disse...

O Zorrinho é mesmo um erro. A intervenção dele na Assembleia foi uma autêntica catástrofe. Nem o regulamento conhece!

Karocha disse...

Você é cavaquista?
Pena jg.

Eminência parda disse...

Uma das carpideiras que nunca suportaram Cavaco é o seu amigo Carrilho, que ontem, mais uma vez, deu um espectáculo deprimente na TVI24, tornando - imagine-se! - suportável o socrático Proença.

Anónimo disse...

Alguém na tribo comentadeira referiu que o PR "não se armou em mata-mouros" a pretexto (apenas adivinhado ou deduzido...) de não querer interferir na campanha, agora em curso na Madeira. Talvez; mas foi desnecessariamente brando, abstracto, e inseguro; e apenas algumas horas ou alguns dias não explicam como se passa de 'irregularidades graves' - enquanto "em Valpaços" ou enquanto se contempla o focinho húmido dos vitelos açoreanos - à repetição super cautelosa do palavreado mais pastoso do TC e do BP. Cavaco esteve bem 'nos números', concorde-se ou não com o seu ponto de vista técnico: além da ponderação é isso (conhecimentos técnicos) que fundamentalmente o distinguia do Trovador-Alegre - esse pirotécnico da badalhoquice de esquerda. Mas quanto à dimensão política interna Cavaco continua e continuará a ser dúbio, tímido, omisso, ambíguo. Cavaco é e foi o mal menor; promulgou todavia pilhas de leis e armadilhas, fabricadas por sócrates, para encalacrar o País por décadas - com obras e pagamentos absurdos e mafiosos aos 'concessionários' e aos 'mottas-engis'; e tudo fez sem que se tenha ouvido a Cavaco uma recomendação, um desabafo ou uma comunicação concreta sobre um assunto concreto à AR. Cavaco - todos os presidentes - foi/são eleitos directamente pelo Povo; o seu cargo exige pelo menos 50% dos votos mais 1: é demasiado poder e responsabilidade para deixar um qualquer pinto-de-sousa à solta arruinando o erário público e comprometendo gerações. E os limites constitucionais do PR não são justificação, pois nesse caso ele seria substituído com vantagem por um manga-de-alpaca mais económico que faria apenas uma leitura evangélica da Lei Fundamental. As reacções partidárias à entrevista foram uma lástima: os partidos da maioria nada disseram, apenas falaram; o PCP exige "a valorização dos salários" e uma "política patriótica e de esquerda" (uma contradicção insanável); o BE, que devia amar Jardim devido à sua política de esquerda, ao investimento público anormal e à criação artificial de empregos na Região, veio rosnar aos microfones em nome "dos madeirenses e das madeirenses e dos portugueses e das portuguesas"; e que dizer de Zorrinho senão que ele é perfeitamente compatível, em irrelevância e pobreza, com o seu chefe Seguro?

Ass.: Besta Imunda

Nuno Castelo-Branco disse...

Passando sobre a curiosidade dos mais empedernidos republicanos agora tratarem o Presidente por..., Chefe de Estado - tu é um desses empedernidos -, parece que a rasqueirice cesárea à moda do Jabba the Hutt açoriano, fez bem a Cavaco. Vendo bem as coisas como elas realmente são, o facto de existir esta maioria, remete para o nada o presidencialismo. parece-me que até agora, PPC tem sido capaz. A ver vamos se não acabará por ceder tal como outros fizeram.

Karocha disse...

Jg

Como estamos em democracia, continuo
a ser sua amiga e, a gostar do que escreve!