20.7.11

OPUS ARTIFICEM PROBAT

«A palavra de ordem deve ser o trabalho.»

António Ribeiro Ferreira, i

6 comentários:

Carlos Sério disse...

Trabalhar para beneficio de quem?

Não basta dizer, ser necessário criar riqueza para que ela possa ser distribuída. Na verdade, sendo condição necessária não é no mundo de hoje, no mundo capitalista actual de domínio do capital financeiro, uma condição suficiente. O capitalismo produtivo dominante até aos anos 80 do século passado, possuía uma determinada ética, tinha os seus valores, baseados na equidade, na justiça ou boa fé das relações económicas. Possuia um carácter social, promovia a Educação Pública como factor de desenvolvimento, a Saúde e a Segurança Social como factores de coesão social e direitos do homem e do cidadão. Detinha preocupações sociais, não apenas para os miseráveis, mas para todos porque encarava a sociedade como um todo social. Naturalmente que a todas estas preocupações sociais não são alheias os receios das ideias socialistas vindas de Leste.
Com a supremacia sempre crescente que desde então se verificou do capitalismo financeiro, caiu a ética das relações económicas, caíram os direitos dos cidadãos para nascerem os direitos dos consumidores. O homem passou a considerar-se não como ser social mas tão só como elemento de mercado. Esvazia-se o conteúdo social da cidadania substituindo-o por um conteúdo de gestão técnica do mercado. É nesta perspectiva que se deve entender o ataque obsessivo ao estado social, aos cortes sociais e aos direitos adquiridos a que assistimos.
Torna-se claro hoje que o capitalismo financeiro ao retirar recursos aos investimentos produtivos transferindo-os para a especulação financeira, gera aumento de desemprego e quebra o crescimento económico, ao mesmo tempo que acentua as desigualdades sociais. A parcela da riqueza que é destinada aos salários vem diminuindo, enquanto a riqueza que se traduz em lucros que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta. Voltamos ao início. Não é líquido, muito pelo contrário, que a criação de riqueza gere por si uma maior distribuição. Bem pelo contrário, com a actual crise verifica-se um agravamento brutal das condições sociais e remuneratórias dos trabalhadores por conta de outrem, enquanto e ao mesmo tempo, os rendimentos dos ricos vêm aumentando exponencialmente.

Anónimo disse...

A 'Obra' parlamentar não vai revelar muitas novidades - confirmando apenas (com ou sem férias de verão, qual escolinha) o material genético que é mais abundante no parlamento. Veja-se a expectativa bacoca com que se aguarda a eleição socialista e o que essa providencial liderança vai trazer à democracia (!...). Quanto ao artigo e às ralações de Rangel, elas não são originais ou novas: os confrontos fronteiriços, étnicos, nacionais, armados e "com mortos verdadeiros" poderão mesmo começar onde menos se espera (ou mais se teme...): na Europa pobre do Sul, especialmente numa zona javarda e despenteada há séculos, com a Grécia e a Turquia a medir tradicionalmente comprimentos de 'espingardas'; e como contágios, lembremos o Norte de África onde a exigência popular não começou por ser "Democracia" mas "Pão"! (apenas os pedantes se dão ao luxo de confundir as duas). O resto do mundo é demasiado grande; mas se perigo existe é culpa da política que deixou à finança e ao capitalismo anónimo e pirata a "condução das coisas", demitindo-se de governar. Aqui, a merda da 'democracia', da 'globalização', do 'multiculturalismo' e do socialismo têm a responsabilidade. Assim que cessou o peso e a autoridade do Ocidente (que desistiu por pura preguiça cobarde e esquerdista) apareceram como fungos os 'perigos'; e vindos de gente e de culturas que nada têm a oferecer ao Mundo. Por cá, andamos embalados pelas más notícias e pronúncios de catástrofe - aos quais nos habituámos meridionalmente e com moscas à volta.

Ass.: Besta Imunda

Nuno Oliveira disse...

Vivemos numa sociedade baseada na dívida. Como tal, encoraja-se o consumismo. A famosa lei da oferta e da procura exige dos empresários a baixa dos preços de venda dos seus produtos e serviços para poderem permanecer activos. Uma das formas mais fáceis de o fazer, é investindo na tecnologia. Substituindo as pessoas, menos eficazes, que precisam de descansar, menos fiáveis, que se queixam. A tendência, como é óbvio, é uma redução cada vez maior dos potenciais consumidores desses mesmos produtos e serviços. Qual a solução? Inventar novos empregos para colocar estes potenciais consumidores. A imaginação é limitada neste campo...
Outra situação, intimamente ligada à anterior, é a produção de bens de durabilidade limitada. Se uma empresa produzir bens com garantia vitalícia corre sérios riscos de se encontrar numa posição de falta de consumidores. Uma boa forma de falir... Só um empresário estúpido produz algo que não se estrague. Não demasiado rápido, é claro, ou perderá a sua base de consumidores. Mas é calculada a durabilidade do produto de modo a se poder continuar a produzir.
Em resumo: trabalhamos para quê? Para nos entreter? Vivemos num ciclo vicioso, que a maioria encara com um medo terrível de quebrar, em redor de uma realidade - o dinheiro. O erro não está em querer lucrar ou ficar rico. O erro está na existência do factor que produz essa vontade, esse egoísmo, e enquanto não formos à génese do problema nunca o resolveremos. Atirar as culpas para cima das agências de rating, dos políticos desta época, dos corruptos, dos especuladores financeiros, dos empresários sem escrúpulos, etc., não resolve o problema. E o problema é real. Não há empregos suficientes para todos. Nem haverá.

Minhoto disse...

Meu caro João Gonçalves, eu sou cliente regular aqui da sua tasca, gosto da sua escrita (entre as melhores em todo o nosso mundo virtual) mas fica a minha duvida sobre qual é a sua profissão, sei que foi jornalista do defunto independente, mas agora qual o seu opus, entenda-se opus, a broa do dia-a a-dia. Não se sinta na obrigação de responder, nem de sinta ofendido pela minha curiosidade.

João Gonçalves disse...

Sou jurista.

Anónimo disse...

O trabalho liberta...