21.3.11

DIA DA POESIA OU LÁ O QUE É


O livrinho ali à direita é dedicado à memória de Jorge de Sena. Ele, Nemésio, Herberto, algum Eugénio e muito Joaquim Manuel Magalhães foram os "precursores" de muitos dos poetas portugueses contemporâneos, "antologiados" ou solitários. Alguns de entre eles são poetas, outros são poetastros ou versejadores simples em regime de comadrio. Mas é Sena quem me interessa aqui evocar neste convencionado dia da poesia. E neste momento baixo, acanalhado, do Portugalório personificado por Sócrates, talvez haja «um povo que merece melhor gente/para salvá-lo de si mesmo e de outrem».



Como esta gente odeia, como espuma
por entre os dentes podres a sua baba
de tudo sujo nem sequer prazer!
Como se querem reles e mesquinhos,
piolhosos, fétidos e promíscuos
na sarna vergonhosa e pustulenta!
Como se rabialçam de importantes,
fingindo-se de vítimas, vestais,
piedosas prostitutas delicadas!
Como se querem torpes e venais
palhaços pagos da miséria rasca
de seus cafés, popós e brilhantinas!
Há que esmagar a DDT, penicilina
e pau pelos costados tal canalha
de coxos, vesgos, e ladrões e pulhas,
tratá-los como lixo de oito séculos
de um povo que merece melhor gente
para salvá-lo de si mesmo e de outrem.

7 comentários:

Manuel Brás disse...

Em quadras (e não só)

É um dia para recordar
quem fez tanto para merecer,
por mais que queiram emparedar
ficará este enaltecer.

Entre paisagens coloridas,
que muito gosto dá contemplar,
há tantas vidas desferidas
neste pântano rectangular.

Adenda ("Porque o povo diz verdades", de António Aleixo):

Porque o povo diz verdades,
Tremem de medo os tiranos,
Pressentindo a derrocada
Da grande prisão sem grades
Onde há já milhares de anos
A razão vive enjaulada.

Vem perto o fim do capricho
Dessa nobreza postiça,
Irmã gémea da preguiça,
Mais asquerosa que o lixo.

Anónimo disse...

Portugal poderá dar por estes dias o maior passo da sua história recente, talvez maior do que o próprio 25 de Abril: conseguir, de uma vez por todas, afastar do poder, da comunicação e das coisas públicas uma casta política representada por Silva Pereira, Santos Silva, José Magalhães, Rui Pereira, Vieira da Silva, António Guterres, Jorge Sampaio, Ricardo Rodriges e José Sócrates, entre outros "políticos" e especialistas em matérias diversas, a começar pela justiça. E mesmo assim há que tomar cuidado, porque até na reforma eles e os seus contactos são perigosos. É que se eles puderem, não só sonham mal, como fazem.

Wegie disse...

Parabens pela divulgação do divino Jorge de Sena.

Aladdin Sane disse...

Repetir poemas não vale! Eheh

Luisa Paiva Boléo disse...

Jorge de Sena que tanto agrada ao João e a muitos de nós deixa-nos esperançados, apesar de seu pessimista, mas o talento e a forma dão-me calma. Afinal nós sabemos tudo aquilo, mas não temos talento para o expressar.
Estive em Araraquara onde ele viveu. Terra simples.

Cáustico disse...

Anónimo da 2:01
Esqueceu Mário Soares o patriarca do socialismo de merda!

acl disse...

lindo