21.10.07

UNS BARULHOS ESQUISITOS


Já o dr. Souto Moura era um bom homem - e sério - mas muito infeliz na sua relação com a "opinião que se publica". Pinto Monteiro, o actual PGR, também não resistiu à vaidade de comemorar um ano como procurador-geral com uma entrevista. Não li. Porém bastou-me ouvir no carro que o telemóvel do senhor conselheiro podia estar sob escuta (ele não sabe se está ou não está mas suspeita) e que tal conclusão lhe advém de "uns barulhos esquisitos" que ouve quando usa o instrumento. Isto é, a todos os títulos, grave e revela o estado do regime. O chefe máximo pela condução da acção penal em Portugal desconfia que é escutado. Por quem? Pelos "seus" subordinados da investigação? Pelas "secretas"? Pelo poder político que manda em todos os outros? Fica a dúvida onde não deve pairar uma sombra dela. A incontinência verbal do senhor conselheiro não tem os mesmos efeitos da dos taxistas. Precisa ser escrutinada até ao fim. Se existem "barulhos esquisitos" no aparelho do PGR, por que é que não hão-de aparecer no do PR, no do 1º ministro, no dos chefes dos partidos até ao infinito que a perversão da democracia comporta? O ambiente latino-americano que está instalado no país, muito por culpa do absolutismo da maioria - do topo ao mais pequenino dos seus serventuários -, permite esta desconfiança permanente do outro e do mesmo. Em certos aspectos, este regime está pior que o anterior. Na "velha senhora" sabia-se quem era o "inimigo". Agora somos todos potenciais inimigos uns dos outros e de uma instância "superior" que não tem rosto a não ser o da cobardia.

8 comentários:

Anónimo disse...

Em todos os acontecimentos graves da vida das colectividades, começa sempre a pairar no ar um paroxismo, um absurdo, um incompreensível que se desdobra em outros tantos paroxismos e absurdos. Isto sente-se e é verdade.

Anónimo disse...

O conformismo dos portugueses tem raízes profundas no tempo. A "velha senhora" mais não fez que usá-lo para melhor fruir o que isso podia proporcionar-lhe. Hoje os portugueses conformam-se, disfarçando com a indiferença esse sentimento, mais empenhados em perseguir os seus sonhos de primeiro mundo e em varrer para debaixo do tapete as mazelas de terceiro com que convivem há séculos. O nosso conformismo (e passividade) perante o que representamos como inevitabilidade é ancestral. A memória é que é curta.
O "inimigo" nunca deixou de se esconder por detrás de máscaras, mesmo no tempo da "velha senhora". Com os novos tempos apenas alastrou, amplificou-se, diversificando-se. A grande vantagem é que agora podemos ler, ver ou ouvir, com menos filtros do que dantes, notícias sobre o que se passa e, nesta medida, ficarmos melhor e mais rapidamente informados sobre o que não se passa. Quem não se recorda já do procurado microfone escondido no gabinete do Procurador-Geral Cunha Rodrigues?

Anónimo disse...

Esta identificação do PS com o Estado, que é a essência da sua razão de existir,não aceita que existam vozes incómodas e que não obedeçam á voz de comando.

Para este PS o Estado é propriedade sua e, por isso, os seus agentes são os seus activistas.Querem um Estado grande por esta razão,por ser condição necessária para exercer o seu poder.

Quem tiver a ousadia de não ser obediente e obrigado será pressionado todos os dias da sua vida, como temos o exempo do anterior PGR e as escutas do Portas,do Sócrates e do Pereira.O actual PGR não é parvo nem incontinente verbal, ninguem acredite nisso,o que disse é um duplo recado.Para dentro,porque as batalhas já foram muitas e o desgaste está a instalar-se.Para fora, porque quer saber se tem apoio para travar a batalha interna.
O PS é o partido mais conservador,esmaga tudo o que verdadeiramente mexe!
Já fui vítima,sei do que falo!

Anónimo disse...

Mais uma vez, na mouche! Desanque-os, Sr. João Gonçalves! O ar começa a ser verdadeiramente irrespirável...

Anónimo disse...

Em relação às "escutas", não posso deixar de ficar bastante preocupado.

É certo que a "bufaria" nunca "abandonou" a "nobre missão" de denunciar opiniões diferentes aos "isentos" democratas que, por vezes, exercem os cargos superiores, tal qual carrascos da idade média.

Os "bufos", ultimamente, exerciam a "actividade" com um pouco mais de cuidado ; só estiveram escondidos ... mas sempre à espreita !

Pelos vistos ... vão regressar em força . ENOJA-ME MUITO !

Quanto aos ruídos que o pgr ouve no telemóvel ... eu também ouço ruídos nos meus bolsos : ruídos vazios ...

Anónimo disse...

eu tambem tinha uns ruidos no meu phone mas descobri que eram causados por um mau contacto... portanto mais tranquilo...

Anónimo disse...

Tempo de bufos e pixotes!

VANGUARDISTA disse...

Não há PGR que não goste de ser "escutado", ora com fios, ora sem fios, ora no gabinete, ora no telemóvel, ora nos media.
Quanto aos ruidos, devem provir do "xutaquezzinho" pecúliar que lhes é comum, ou da asma do "neo-pide".