3.10.07

"NÃO SE DEVE DIABOLIZAR" - 2

Graças à amizade do Gonçalo, recupero parte do editorial de ontem do Público de José Manuel Fernandes. "Comecemos pelo último Conselho de Ministros, onde foi aprovada uma proposta de revisão do sistema de segurança interna que passa pela criação da figura de um “coordenador”, que, em determinados momentos, pode ter o estatuto equiparado a secretário de Estado e que terá um enorme poder no que respeita à direcção das polícias de investigação criminal. O risco de politização é evidente, mesmo que negado formalmente pelo executivo. Ainda não ouvimos ninguém pronunciar-se com clareza. Continuando nesta área, não tem a oposição nada a dizer após ter sido recordado, com novos detalhes, que José Sócrates tentou que o actual ministro da Administração Interna substituísse Souto Moura como procurador-geral da República antes do fim do seu mandato? Não lhe ocorre, por exemplo, exprimir o espanto pelo percurso de Rui Pereira, aparentemente um jurista “independente” mas disponível para todos os serviços, que foi sucessivamente secretário de Estado num Governo do PS, candidato frustrado do PS ao lugar de PGR, responsável pelo grupo de trabalho que redigiu a proposta de revisão do muito discutido Código do Processo Penal, membro eleito, por indicação do PS, para o Tribunal Constitucional e, antes que chegasse a aquecer o lugar, ministro da Administração Interna de José Sócrates? Sem colocar em causa o jurista e o homem, será este percurso o mais normal? E continuarão as oposições silenciosas quando se agrava a tensão entre a Igreja Católica (mas não só) e o Governo a propósito da assistência religiosa a doentes crentes em hospitais públicos? Será que pensam que o tema é entre alguns padres e o Governo e não entendem que está em causa a diferença entre um Estado laico, logo independente das religiões, e um Estado jacobino, inimigo das crenças religiosas?" O cardeal-patriarca de Lisboa classifica de "delicada" a relação entre o governo e a Igreja católica. Apesar de hipocritamente se benzer em cerimónias públicas, Sócrates tem dado cobertura ao regresso de um certo jacobinismo "intelectual", com repercussões práticas, ajudando a recuperar uma "questão religiosa" que, em bom rigor, não existe ou não devia existir. Portugal é um país maioritariamente católico e isso não se apaga com artigos idiotas nos jornais ou com transumâncias de múmias de um lado para o outro.

7 comentários:

joshua disse...

Pensam que uma Fé como a Católica, que nos perpassa a carne e a sensibilidade, tão bem enraizada aqui, no Portugal-por-ser e no Portugal-havido, desde há dois mil anos, é algo de transitório, carcomível pela Filosofia e pela Razão e pela Laicidade, sem compreenderem que eles é que são o nada que ganhou fôlego e logo o perderá.

Hipócritas do caralho! Até nas benzeduras para a fotografia postiças, enquanto segue a praxis desumanista na questão do Aborto e desumanista em tudo o mais, não chegam os dedos de pés e mãos para nomear tanta malfeitoria.

Ó impostura que não lembra ao Diabo!

Anónimo disse...

Os capelães removidos dos hospitais e "assalariados à conta do Estado" (segundo Vital Moreira) não concordam com a inexistência da questão.

Anónimo disse...

O Governo parece querer "comprar" uma guerra com a Igreja. Eu confesso francamente que gostava imenso que tal acontecesse. Mais do que a tropa fandanga, convenço-me que é por aí que toda esta bodega pseudo-democrática se reformaria a sério.

VANGUARDISTA disse...

É a maçonaria no seu melhor!
Por algum motivo esteve proibida, vigiada e açaimada durante o Estado Novo!

Nuno Castro disse...

O problema é que tinhamos um Estado beato e agora começam a aflorar as primeiras tentativas de o "desbeatizar". Pode ser que finalmente caminhemos para a consecução de um Estado laico - algo que não agrada ao beato JMF. E a prova é que JMF tão pronto a verberar todos os gastos inúteis do Estado, despeja toda a sua ternura sobre os capelães preste a ficar no desemprego - que não ficam, apenas perdem mais uma mama. Por aqui se vé a coerência dos liberais de pacotilha que entopem a nossa comunicação social.

Anónimo disse...

Anónimo das 5:17 PM,
Não se importa de esclarecer o que quer dizer com:... convenço-me que é por aí que toda esta bodega...".
Confesso que dou voltas ao miolo e não percebo esta teoria...
Cumprimentos,

Anónimo disse...

O senhor Nuno Castro quer comprar uma revolução cultural na Amadora, ou então fazer do cinema Império um ponto de encontro de discípulos amados de Afonso Costa e seus comparsas de aventuras. Toda a maioria católica é assim alegremente ignorada. Nossa senhora!