25.6.07

NÃO É FÁCIL DIZER BEM - 19


Por falar em Sampaio, um dos seus assessores de imprensa em Belém, João Gabriel, vai publicar o habitual livrito dos seus "anos com Sampaio". Já sabíamos que o "processo de decisão" do então presidente tinha tanto de redondo como de difícil. Gabriel - um espertalhão que até mantinha uma revista chique sobre bola enquanto esteve em Belém - vem agora fazer render o peixe com esta conversa de chacha. Os jornais destacaram o "incidente" Santana Lopes para apimentar o lançamento e ajudar a vender o livro. Gabriel, nesta matéria, vem revelar o quê? Que Sampaio espremeu-se o mais que pôde para evitar que Lopes sucedesse ao transfuga Barroso? Que tentou mobilizar toda a "elite" laranja no activo e a outra (Marcelo, por exemplo) a aceitar o lugar de São Bento para barrar a qualquer custo o caminho a Santana? Gabriel saberá alguma coisa da "missa" mas porventura só sabe metade. Outros que não ele, com outro traquejo político e com tarimba, talvez tivessem mais coisas a contar não fosse dar-se o caso de terem optado pela Arcádia. Gabriel preferiu optar pelo negócio e pelo espectáculo. Sampaio esteve mal das duas vezes em que abordou o "caso Santana". A primeira, porque em vez de ter andado a conspirar ao telefone contra a ascensão daquele, mais valia tê-lo chamado a Belém e explicado o óbvio: sem passar pelo crivo mínimo de um congresso ou, no limite, de uma eleição, não valia a pena. A segunda, porque nunca dormiu bem com o peso de Santana - e, indirectamente, da "traição" a Ferro Rodrigues - na consciência, fê-lo sair da pior maneira, dissolvendo o Parlamento (com uma maioria) em vez de demitir directamente o governo. E, uma vez "recomposto" o PS, os seus mais distintos representantes no Palácio - e Gabriel não era seguramente nenhum deles - fizeram o resto, mesmo com Sampaio todo torcido. Alguém se terá lembrado de lhe perguntar se queria passar à história como o elo mais forte de Santana Lopes, sem direito a retrato póstumo no Rato. Aí o homem encolheu-se e, naturalmente, recolheu Santana. Estranho - e talvez não - que José Pacheco Pereira tenha aceite prefaciar esta "obra". Pacheco deu corda ao "redondismo" de Sampaio por diversas vezes a partir da sua "quadratura do círculo". Ainda ele era presidente e já ele não era presidente. Por outro lado, foi o inimigo "intelectual" politicamente mais estruturado contra Santana Lopes, com a "vantagem" de pertencer ao mesmo partido. Nesse sentido, o "redondismo" de Sampaio acabou por ser seu aliado. Gabriel - que conheci pessoalmente - é um puro caso de oportunismo no sentido benigno do termo, se é que existe algum. É pena que Pacheco Pereira - sabendo perfeitamente que este livro não vem propriamente "fazer história" mas antes apresentar-se como uma memorabilia "à Carlos Castro" armado em sofisticado político e em conspirador de trazer por casa - se associe a este objecto. Se calhar o "ódio retroactivo" ao "menino guerreiro" vale bem umas linhas, nem que seja num livro de um autor esquecível.

4 comentários:

Anónimo disse...

a revista de bola era uma merda .por isso é q acabou

Anónimo disse...

SAMPAIO nunca foi Homem de Têmpera....E, neste país, é do que se precisa: gente con Garra!!! Há-os por aí....mas são pouco e muito INVEJADOS.....

CCz disse...

"como uma memorabilia "à Carlos Castro" "

Esta imagem fica bem!

Anónimo disse...

Já leu o livro ou o prefácio?