19.6.07

NÃO É FÁCIL DIZER BEM - 18


Há dias, no suplemento "cultural" do Expresso, um colunista indignava-se pelo aparente estado de degradação - penso que não se tratava de nenhuma metáfora ou de um delíquio a que o cronista é dado - da casa onde viveu Eugénio de Andrade, no Porto. Parece que ele passou por lá, contemplou melancolicamente o imóvel e desfez-se, no texto, em lamentações arcádicas. O colunista em causa aparentemente lamentava-se "para" os poderes públicos que teriam deixado a memória "física" de Eugénio em péssimo estado. Logo ele, o cronista, que lá tinha estado tantas vezes e degustado chá e outros poetas em forma de bolinhos com o bardo de "A mão e os Frutos". Acontece que o cronista em causa - apresentado como "gestor cultural" na "comissão de honra" do dr. Costa em Lisboa - faz parte dos quadros de uma poderosa fundação cultural de uma das mais influentes e seguras empresas portuguesas. Uma daquelas que, por natureza, nunca acaba porque o Estado lhe garante o monopólio do serviço que presta. Ou seja, se há coisa que não deve faltar à fundação dessa empresa é dinheiro. É só desviar algum para a casa-museu Eugénio de Andrade que, certamente, nem a empresa, nem a fundação vão abaixo. Por que é que o cronista não trata disso em vez de nos massacrar com tanto berloque místico?

3 comentários:

Anónimo disse...

o sr José manuel dos santos

Anónimo disse...

Tendo apenas hoje visto o post s/o Conselho de Estado,
algures a sul, fora de Lisboa e do meu PC,
'dispensado' de ter visto ontem as sumidades do Prós e Contras.
Ganhando assim a oportunidade de evitar um pouco da presença de algumas das náuseas do regime:
A do cavalheiro emigrante em Bruxelas;
A do antigo Senhor da Ilhas, um democrata exemplar,
capaz de nos anos 80, numa visita do PR aos Açores,
ter investido pelas oito da manhã, no edifício dos aposentos da família do general, histérico e aos berros.
Que não admitia que o seu 'convidado', o PR (?), tivesse na véspera à noite e após o final das actividades oficiais, visitado um amigo.
O PR ter visitado uma amigo (e creio que seu apoiante na campanha para a presidência), mas pelos vistos do desagrado do democrata exmplar, João Bosco.
PR que lá teve de seguida que
engolir mais um sapo.
Irmos todos a uma missa numa capela da ilha.
Ou antes, os dois, que há estômago para tudo.

Anónimo disse...

O trabalho anónimo na referida Fundação daria menos nas vistas à populaça mas teria muito mais trabalho lá no empregozinho a promover as obras necessárias e, não esquecer, a manutenção subsequente.
Uma crónica faz-se em meia hora, não se gasta nada e ainda se recebe qualquer coisa em troca lá do jornal e ganha-se a notoriedade da “preocupação atenta” da “dedicação desinteressada” aos “problemas” da cultura nacional e dos nossos produtores culturais.
Se eu fosso Presidente da Fundação, como não sou democrata, ao ler a crónica começava por despedir, com justa causa, o empregadozinho distraido.
Se fosse dono do jornal prescindia das crónicas de quem critica mas nada faz, podendo faze-lo.
Se fosse assim, em todo o lado, isto entrava nos eixos.
“Não discutimos a glória do trabalho e o dever de trabalhar”.
R.A.I.