16.10.06

O ADEMANE DISPENSÁVEL


Em pleno PREC ou logo a seguir, já não me lembro, fui assistir a uma peça da Comuna, na antiga fábrica de cervejas na Almirante Reis. Acabada a peça, foi anunciada uma passeata - que não acompanhei - até à Praça de Espanha para se "ocupar" um palacete o qual, até hoje, é a sede do Teatro da Comuna. Muito bem. Hoje de manhã, no carro, apercebi-me que uns "artistas" do Porto se tinham "barricado" no Rivoli em protesto contra a "privatização" do mesmo por parte da Câmara Municipal. Pelo Eduardo Pitta, toma-se conhecimento que a sra. ministra da Cultura - que mal pode ou sabe gerir a sua casa e, eventualmente, nostálgica de outros tempos políticos seus - "está disposta a mediar o diferendo que opõe a Câmara do Porto aos manifestantes barricados (desde ontem) no Teatro Rivoli." Que Isabel Pires de Lima, que é do Porto, não goste de Rui Rio, é uma coisa. Que lhe passe pela cabeça meter-se numa matéria que não compete ao Estado decidir, é outra. E que lhe apeteça ser solidária com manifestações folclóricas, outra ainda. Todas juntas, as três coisas redundam numa só, sintetizada com manifesta felicidade pelo Eduardo:
"Em nome da decência, o Estado devia prescindir de certos ademanes. No momento em que o Estado se prepara para accionar os mecanismos de mobilidade do funcionalismo público, bem como para introduzir taxas moderadoras no internamento hospitalar, duas medidas infelizmente necessárias, o ministério da Cultura é um ademane absolutamente dispensável."

14 comentários:

Rui Castro disse...

Com efeito, não se percebe. Acresce que, apesar do "aviso" que fez à CMP (com que legitimidade!?) relativo à salvaguarda do interesse público (pergunto se o mesmo que a Ministra evitou no acordo com Berardo!?) já não foi capaz a Ministra de criticar a ocupação que está a ser feita do teatro (que eu saiba, ilegal!).

Anónimo disse...

A Pires de Lima não é proba, é o que é.

Um home probo.

Anónimo disse...

Parece-me que, para o Min. da Cultura, vai quase sempre gente que pertence aos "excedentes" partidários!!!! É preciso ter A Z A R !!!!! É que não acertam uma, senhores!!!!

Anónimo disse...

o ministério da cultura faz tanto sentido neste pais como o ministério da agricultura:
a ambos falta o objecto

Anónimo disse...

Acabou-se a "mama" destes senhores subsídio-dependentes! Viva!
Esses elitistas que vão trabalhar, mas trabalhar mesmo, não é só angariar "tachos".
Desde a recuperação do Rivoli, a programação era feita de/e para estes senhores e seus amigos. Tanta intelectualidade inalcansável para a maioria dos mortais... Mesmo quando ia assistir, sentia-me muito mal, tal era o "clube".
Não sei se o Rui Rio está certo, mas assim é que não podia continuar.
Disfarçam muito mal para as coberturas notíciosas a tentarem fazer de conta que os actores e os espectadores se barricaram... Que espectadores? Só os actores e os seus amigos. A porta-voz, supostamente espectadora, a meio engana-se e começa a falar em nome dos actores. Já não conseguindo disfarçar mais, deixa de fazer de conta. Assumam! Ficam mais credíveis!
E falta questionar porque é que esta manifestação se realiza depois do fim-de-semana... Primeiro fizeram a exibição da sua peça, depois foram curtir a noite e à hora em que toda a gente inicia a semana de trabalho, e como estes senhores ficam sem nada que fazer, é que se viram para as manifestações.
O seu maior castigo vai ser ninguém lhes ligar nenhuma...
E nem pensem em comparar-se à causa do Coliseu!

Anónimo disse...

Ora como o Pitta não tem comentários este comentário é para os dois:

Quem não tam dinheiro não tem vícios e a cultura é um vício...
É o que parecem dizer os dois, e não me digam que existia cultura sem o Ministério porque evidemtemente que havia.
O que está em causa principalmente (para mim) é a gestão, promoção e preservação de espólios valiosos, recursos não renováveis com qualidades intangíveis ou não e que reflectem nais do que a alma portuguesa (Ó vã glória...) a frágil humanidade humana (assim mesmo, com pleonasmo).
Não me digam também que a solução é a iniciativa privada - das duas uma, ou o bilhte para a Torre de Belém (ou outro qualquer menos visitado...) custaria exorbitâncias ou então ruíria por falta de intervenções de restauro e conservação. Sim eu sei que há fundações que ajudam mas se calhar deviamos era vender tudo porque quem não tem dinheiro não tem vícios... e ele há tantos vícios...

Anónimo disse...

Eu até os percebo, porque aquilo vai acabar na iurd ou noutra trampa do género, mas pelo menos vai fazer dinheiro, também para que precisamos nós de teatro se ninguém o vê. Boa semana.

Anónimo disse...

...é precisamente para os que não vão ao Teatro que a Cultura tem de existir....para os levar a QUERER ver!!!

Anónimo disse...

...é precisamente para os que não vão ao Teatro que a Cultura tem de existir....para os levar a QUERER ver!!!

Anónimo disse...

...é precisamente para os que não vão ao Teatro que a Cultura tem de existir....para os levar a QUERER ver!!!

formiga bargante disse...

Meu caro João Gonçalves

Não confunda a ministra com o ministério.

A ministra é "um ademane absolutamente dispensável".

O ministério não.

Ou pretende integrar a cultura no ministério da economia, finanças, ou, já agora, turismo?

Cumprimentos

Anónimo disse...

Há milhares de artigos e de pessoas que lhe explicariam a desnecessidade de um ministério com essa designação. Not me. E sim, muitas das respectivas "competências" podiam estar noutros lados. Cumprimentos.

Anónimo disse...

Se a memória não me falha a peça de que fala representada pela Comuna na fábrica de cervejas era “a Ceia II”. Dividida em 2 partes. A versão antes de Abril para a comissão de censura e a versão em liberdade. Estou enganada?
No dia em que assisti não houve passeata. Só teatro.
Depois da ocupação do palácio, na Praça de Espanha, fui assídua frequentadora (hoje um pouco menos) do espectáculos da Comuna. Eram os tempos do teatro experimental, um mundo de descobertas e de deslumbramento no caminho da inovação. Jersy Grotowsky (Para um teatro pobre) Julian Beck e Judith Malina(Living Theatre) eram os inspiradores.
Sinceramente, quero lá saber da ocupação selvagem ou não do palácio. O que vi lá nunca mais esquecerei. É mais útil à sociedade um teatro do que um palácio, que hoje, ou seria uma ruína ou um condomínio fechado.
Quanto ao teatro Rivoli no Porto só posso lamentar que se perca mais uma sala de espectáculos... e o Sr Rui Rio ainda está a tempo de repensar a sua posição. Antes o Teatro que o fogo de artifício.
Sr Barão de Tróia, por favor, o Teatro é a mais nobre das artes – é a minha humilde opinião. Ninguém o vê? ... quando é que foi a última vez ao Teatro?

Anónimo disse...

Caro(a) Lusitânea:

A Cultura também vem desde o berço....caso contrário, não há BOLSO CHEIO DE DINHEIRO que lhe valha!!
Há para aí tanto RICALHAÇO INCULTO!!! E não só....O Ministério da Cultura é muito importante se souber gerir....