18.11.04

O GROTESCO SÉRIO

A Alta Autoridade para a Comunicação Social concluiu, depois de ouvir uma multidão de interessados e de ruminar profundamente, que tinha havido uma "pressão ilegítima" de Gomes da Silva que conduziu à peripécia Marcelo. Desde o dia 6 de Outubro que estávamos fartinhos de saber isto. Também Morais Sarmento e a PT saíram chamuscados deste relatório que se limita a confirmar a "sul-americanização" dos costumes em curso no sector da comunicação social. Não é só neste sector nem sequer começou ontem. Porém, este é, por natureza, o mais evidente. Eu nunca senti nenhuma espécie de respeito ou veneração formal pela AACS. Nunca a ouvi balir com tanto espalhafato quando o PS fazia alegremente o mesmo ou pior. Nesta matéria, os "agentes políticos" equivalem-se genericamente, seja qual for a sua proveniência. Guilherme Silva, o inevitável dirigente da bancada laranja, num momento mais "madeirense", desvalorizou agora, por completo, a posição final da AACS quando, há menos de um mês, sustentava que só se deveria ponderar a realização de um inquérito parlamentar ao caso quando a dita AA acabasse o seu trabalho, por uma questão de "respeito" por ela. Extraordinário, não é? O PP ao menos foi coerente e manteve a divertida tese da "relação laboral". A oposição, completamente em vão, vocifera. O Dr. Jorge Sampaio, um paladino da "liberdade de expressão", deve estar a ver passar os comboios embrulhado numa conveniente mantinha para não se constipar ainda mais. Afinal, ele não recebeu já Marcelo? A AACS continua a sua lenta agonia, a oposição persiste na "indignação", Sampaio não existe e o governo segue indiferente para "bingo". Parece grotesco, mas infelizmente é a sério.

Sem comentários: