11.12.10

GRANDE ÓPERA



Don Carlo, de Verdi, é seguramente a sua ópera mais longa e uma das mais belas. Precisa de um naipe de excelentes intérpretes e, talvez por isso, não é vista entre nós desde, salvo erro, 1976 ou 1977. Acabo de assistir, na Gulbenkian e em directo, a uma récita no Met de Nova Iorque. Para além da senhora do clip, Alagna, Keenlyside, Furlanetto e uma fantástica moça chamada Anna Smirnova. Na ária do clip, Isabel de Valois resume a coisa resumindo-se a si, no que foi forçada a tornar-se. É uma ópera com política, religião e apenas do humano, do demasiado humano - lealdade, amor, amizade, traição, ambição, poder e morte. Começa com a dita Isabel, feliz, em Fontainebleau antes de ser "oferecida" a Filipe de Espanha e termina com a mesma Isabel, infeliz e a desejar o perpétuo sossego da tumba de Carlos V. Tudo tinha acabado e tudo era, afinal, vão. É a vida. Literalmente.

3 comentários:

Mani Pulite disse...

OUVIR O DON CARLO,VISITAR O ESCURIAL,FAZER A PEREGRINAÇÃO A YUSTE.SIC TRANSIT GLORIA MUNDI.TUDO ESTÁ LÁ.MAS ENQUANTO DURA QUE EXALTAÇÃO QUANDO TUDO SE ARRISCA SEM MEDO TODOS OS DIAS.

floribundus disse...

verdi era o compositor preferido da corte dos piemonteses da família de D. Maria Pia.

escolheu um 'libretto' onde é maltratado um dos melhores reis de Portugal: Filipe II, o 'Rey papelero'. do que conheço do rei, a começar pelas cartas às princesas, era um Homem e não um coelho e muito menos um pinóquio.

os mitos urbanos (suburbanos) anti ancient regime incluem toda a espécie de falsidades. incapazes de aceitar os factos são criadores de lendas. este é exemplar.
caíu-se no pior da condição humano, o lixo que se não pode aspirar.

joshua disse...

O prazer está no processo e é por isso que é a vida.