Richard Strauss, Salomé: episódio da "dança dos sete véus". Catherine Malfitano no papel principal. Giuseppe Sinopoli.Ópera de Berlim, 1990. No São Carlos está em cena uma "Salomé" que me sugeriram evitar. O Henrique Silveira dá razão ao argumento. «Retirando a camada erótica do feminino, eliminando a dança dos sete véus, colocando a carga negativa em Herodes, um simples pedófilo, fazendo de Jochanaan um vulgar pederasta, arranjando uma dupla muda de Salomé (solução banal e recorrente), que faz de conta que é uma criança, a encenadora destrói, do princípio ao fim desta Salomé, uma obra notável, que tinha tudo lá dentro sem precisar do canibalismo pseudo subversivo, deselegante, espelho de uma alma sem cor, sem imaginação no seu excesso panfletário, desta mulher-homem cinzenta e seca, óbvia, primária e transparente que dá pelo nome de Gruber. A encenação não dá lugar à subtileza e à ambiguidade, é um nojo.»
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