4.4.09

MEMÓRIA DE UM HOMEM SÉRIO


Morreu Vítor Direito, um profissional do jornalismo e não uma prostituta do jornalismo que é o que as "escolas" da especialidade andam para aí a formar e a distribuir pelas redacções. Vítor Direito fez jus ao seu nome. Como recordou o Chefe de Estado, era um «homem íntegro, frontal e irreverente, com apurado sentido de independência», com um «grande amor pelo jornalismo» e que, «mesmo em momentos difíceis e adversos vividos na sociedade portuguesa, foi sempre um profissional rigoroso e um homem que revelou grande coragem.» "Conheci-o" aos dezoito anos, o primeiro de faculdade, quando fundou o Correio da Manhã. Se não erro, esse primeiro número trazia um artigo do António Barreto, na altura, juntamente com Medeiros Ferreira, um dos rostos do "Manifesto Reformador" a que aderi desde o início. Em Novembro de 1979, Vítor Direito subscreveu um documento intitulado "Mudar Portugal - Bases de Solidariedade Estratégica" destinado a apoiar os candidatos reformadores e independentes que integravam as listas da Aliança Democrática de Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Telles. Ao lado dele estavam nomes como Proença de Carvalho (agora convertido ao "socratismo"), António Serra Lopes, Artur Santos Silva, Saasfield Cabral, Francisco Vanzeller, Medina Carreira, Manuel de Lucena, Miguel Cadilhe, Paulo Mendo, Rosado Fernandes, Torquato da Luz e Vítor Cunha Rego. Nesse tempo, a política e o jornalismo eram coisas sérias. Vítor Direito tratou-as sempre como tal. Até ao fim.

2 comentários:

Artur disse...

João, também conheci bem Vitor Direito e o seu desaparecimento faz-me pensar nos tempos que correm. No jornalismo português já não há homens como ele. Hoje temos um bando de sabujos do poder, sem categoria e sem espinha dorsal. A miséria em que vive o nosso jornalismo é uma consequência disso mesmo. Vitor Direito mandava-os passear com a rispidez com que respondia aos que pensavam que se dobrava perante um telefonema do poder. Agora, rastejam para obter os apoios dos Varas & Cº. O estado da nossa informação corresponde ao estado do país. Vitor Direito foi sempre um inconformado que escrevia com total independência. Neste momento, com raras excepções, o que mais temos são amanuenses do poder socialista, que escrevem por telefonema. Por isso, temos um jornalismo cumplice de um poder que, em quatro anos, levou Portugal para os piores indices de sempre. A minha homenagem a Vitor Direito, pelo exemplo que deu a todos os que querem viver livres de tutelas.

Anónimo disse...

DIREITO até ao fim.
infelizmente menos um Homem sério.
espécie em extinção uniformemente acelerada

radical livre