«José Sócrates processou João Miguel Tavares por um artigo escrito a 3 de Março no DN e o nosso colunista, ex-jornalista da casa, já foi ouvido. Um mês bastou! Bem sei que os processos por eventual abuso de liberdade de imprensa costumam andar um pouco mais rápido do que os outros, mas deixo a nota: a Justiça, quando quer, pode ser célere.»
João Marcelino, director do Diário de Notícias
Adenda: Na rádio que me acorda - deve ser por isso que só consigo recuperar da má disposição quase ao fim do dia: só se safou ontem, domingo, uma conversa inteligente com João Lobo Antunes - o dr. Júdice, ex-bastonário dos advogados e uma das luminárias da "direita" ao serviço ao admirável líder, veio defender a celeridade da justiça a bem dos arguidos. Em paráfrase de Truman Capote, no caso do colunista do DN, as "súplicas" de Júdice foram prontamente atendidas embora «sejam derramadas mais lágrimas pelas súplicas atendidas do que pelas que não o são», na expressão original de Santa Teresa de Ávila. O mesmo se diga do originalíssimo presidente do Eurojust, o dr. Lopes da Mota. Segundo o mesmo DN, «desde o início da polémica, Lopes da Mota negou sempre ter feito ou tentado fazer qualquer pressão junto dos magistrados do Freeport. Admitiu, tal como DN adiantou, ter dito que o primeiro- -ministro queria o caso esclarecido rapidamente. E defende-se que não disse nada que o próprio José Sócrates já tenha dito.» Quer dizer, Lopes da Mota assume-se, sem hesitações, como ventríloquo do citado: ele não diz nada que o admirável líder não tivesse dito antes. Ainda vamos ver derramar muitas lágrimas à conta destas súplicas atendidas.
1 comentário:
Neste momento existem muitas incertezas quanto ao futuro. Mas hoje, neste país, pelo menos uma certeza podemos ter: se tivermos a pouca sorte de ter uma "divergência" com o Estado ou com algum "poderoso" e que ela tenha que ser resolvida em tribunal, estamos à partida tramados.
Tudo graças a esta gente muito "honrada, séria e ilustre" (até provado o contrário em julgamento antes de prescrever o caso ...) que nos tem governado e que tomou conta desta "democracia", cujo "pai" tem sido um exemplo e um dos principais mentores.
Agora, temos que chamar "os bois pelos nomes": isto não é Justiça célere; isto é funcionamento célere dos tribunais.
Há muita por aí muita gentinha a quem temos que começar a mostar ostensivamente o nosso desprezo e o asco que nos provocam.
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