26.6.08

O BARRACÃO

Enquanto almoçava, via ao longe, na televisão do restaurante, as imagens de um barracão. O barracão estava atafulhado de papéis e de secretárias separadas por uns quantos biombos. As câmaras aproximaram-se dos biombos e podia ler-se "tribunal do trabalho", "ministério público", etc. Aí percebi que se tratava de um tribunal. Era em Portugal, na Feira, no ano da graça de 2008, em pleno "progresso" e em pleno "choque tecnológico" promovidos pela "esquerda moderna". O barracão fora pedido emprestado aos bombeiros porque o edifício original, com pouco mais de quinze anos, ameaçava ruir. Foi nos balneários dos bombeiros que, soube-se depois, juízes se esconderam para fugir às agressões das famílias de uns arguidos quaisquer. Não é virgem a situação de violência perpetrada em plena audiência. O que é menos comum, partindo do princípio que isto não é a Somália, é administrar a justiça num barracão. Todavia, se reflectirmos um pouco mais, talvez a imagem não seja, de todo, desproporcionada. A maturidade de uma democracia, como ensinam os "especialistas", mede-se pelo seu sistema de justiça. E o "sistema" reflecte o estado de um regime no fátuo da sua miséria. É, afinal, como estamos de democracia. Enfiados no barracão.

13 comentários:

Anónimo disse...

Os juízes também cairam em si e perceberão, se quiserem, o que vive o cidadão comum.
Olhando sempre em volta se têm que caminhar de noite, acautelando a sua vida e parcos haveres na carruagem de metro ou no autocarro, vigiando atentamente o seu filho até que entra na Escola (esperando que lá dentro não lhe seja oferecida droga ou dada pancada), entrando em pânico quando não chega a tempo para o ir buscar, chegando a casa sempre com medo de ter sido assaltada, não encontrando uma montra aberta partir das 18h e sempre na dúvida se encontrará o carro onde o deixou no dia anterior. Á noite a vida continua a ser impossível: aturando novelas imbecis, programas inqualificáveis, comentadores da treta, figurões vomitando lugares comuns e a quem a justiça parece não se aplicar.
Bem vindos sejam ao país real: o país dos direitos, liberdades e garantias. Regalias gozados apenas por aqueles que não as merecem.

Anónimo disse...

de facto, trabalhar num barracão é uma regalia. e a culpa de terem sido agredidos é, naturalmente, dos juízes. quem é que os mandou condenar traficantes de droga a penas de prisão? deviam estar loucos.

osátiro disse...

Degradação total.

Anónimo disse...

Os eleitores decidiram premiar quem lhes deu auto-estradas e afins, e não infra-estruturas juridicas (edifício, códigos XPTO condignos, etc).

Do mesmo modo que despresa os professores, onde estas crianças depressa aprendem que a autoridade é relativa e nada que não se resolva á pancada, e se alheia do que se passa nas escolas, transfomando-as em campos de concentração, onde se guardam as crianças para os pais ganharem o dinheiro, curto, para o sustento imediato.

Contudo, são as escolhas delas ao votarem, e não a escolha IMPOSTA por um qualquer gestor auto-proclamado "Salvador da patria".

Anónimo disse...

Os magistrados recebem agora ,como grupo, a paga pela sua submissão aos politicos e ao Poder Socialista que só uns poucos e dignos têm tido a coragem de enfrentar ,ficando marcados e prejudicando as respectivas carreiras.O Processo Casa Pia e tudo o que com ele se relaciona tem sido exemplar para destrinçar os que se vergam e são cumplices das maiores patifarias dos que resistem.Quem não se respeita e não se dá ao respeito não é respeitado.Acaba num barracão ou num campo de concentração.

Anónimo disse...

_que faz aqui o sr. ministro?
-"estou a ganhar o meu"

Anónimo disse...

Barracão do Tribunal?
Mas para que é que isso interessa se vamos ter um TGV, um aeroporto novo e mais umas centenas de novos quilómetros de autoestradas (portajadas), já foram "ofertados" 200 mil portáteis e até há escolas com quadros interactivos que, além do evidente exemplo de sucesso escolar que representam pelo simples facto de existirem, até podem tapar os buracos e disfarçar as infiltrações ou a falta de pintura nas paredes?
Mas qual é o problema de um barracãozito ou dois num país com este nível de sucesso e onde os problemas da justiça de que há anos tanto se falava eram só as férias judiciais?

Anónimo disse...

Por vezes, até um barracão é um lugar de 'luxo' para certas decisões judiciais.

Por vezes, há decisões judiciais que 'parecem' ser proferidas em lugares muito pouco recomendáveis.

É o "sistema" e, mais uma vez, a culpa só pode ser ... do Santana.

Anónimo disse...

Concordo totalmente com o comentário do Sr. excrente - Aqueles 4 meses de Governo do Dr. PSL foram terríveis, destruindo tudo o que de bom se fez até então e dando origem a Barracões, Trapalhadas e Matrizes que se vão perpétuar...

MFerrer disse...

Não sei o que mais admirar , se a vergonha do post,ou a falta dela, nos comments.
Então a culpa do estado da justiça é deste governo?
A culpa de terem construído, mal, um edifício em maus terrenos há 10 anos é do PS? A culpa de os srs juizes terem aceitado este armazém para fazerem julgamentos é do PS?
E a culpa de não terem providenciado a segurança das audiência é do Sócrates?
A vergonha não se vende em farmácias, não é?
O que não diriam caso o governo decidisse mandar dez polícias para cada sala de audiências. era a Pide, era a justiça instrumentalizada , era o controlo do governo.
Tenham vergonha que já faz tempo de tanta falta dela!!!
MFerrer

Anónimo disse...

O que fizeram deste país. Não há
valores, principíos nem respeito, perdeu-se tudo. Agridem-se professores, matam-se polícias agora dá-se porrada nos juizes etc.
Que saudades do 24 de Abril, naquele tempo nada disto havia. Fomos todos atraiçoados, incluindo
os "famosos capitães de Abril" que
fizeram este lindo trabalho, a que
alguns dão o nome de democracia.É
evidente que no meio deste lamaçal
e desordem, há sempre meia duzia de "bandoleiros" a encherem-se há
grande e á francesa. O que é que temos ? muito betão e falamos muito.
O que fizeram de ti PORTUGAL...

Ljubljana disse...

Ora bem, para resolver o problema só vejo duas boas soluções, passar o tribunal para o estádio de Aveiro, ou para o novíssimo estadio vazio, o do Bessa. Ambos são novos e possuem boas salas principais de audiências, com condições óptimas para o julgamento de mega-processos.

Anónimo disse...

Numa empresa onde trabalhei, um dos seus administradores, pessoa que considerava honesta, disse-me um dia que a principal missão de um chefe era prever.
Penso igualmente que a verdadeira missão de um ministro, tenha ele a importância que tiver, é prever toda a sucessão de acontecimentos susceptíveis de surgir, para poder, em tempo útil, preparar a adequada resposta com as medidas que forem indispensáveis.
Se as pontes,os edifícios ou quaisquer outras instalações podem cair, que se preparem a tempo os exames necessários e se proceda à reparação ou consolidação do que for preciso.
Se o mau estado da saúde da população mostra tendência para aumentar, que se tomem desde já medidas que conduzam à elevação dos quadros dos médicos e dos enfermeiros, bem como o aumento das instalações hospitalares.
Se se pretende aumentar o grau de escolaridade dos jovens deste país, que se procure dotá-lo de instalações escolares capazes e de professores com o gabarito indispensável para a consecução do sonho de jovens com mais conhecimentos de matemática, de português, de história, de geografia, por exemplo, e em que o ensino da tabuada supere o do sexo e das disputas radicais.
É absolutamente indecente pôr professores a ensinar e alunos a aprender em contentores, de o exercício da justiça a ser feito em barracões.
Que tipo de carros usam os ministros e toda a cambada que os rodeia? Utilitários ou topo de gama mas a cairem de podres? É o usas. Um socialista de merda, quando atingiu certo posto, começou logo a refilar contra o carro que lhe estava destinado. Fazia-lhe doer as costas. Coitadinho.
E é por causa dos carros para este e outros merdas, e para pagar à chusma de assessores de que se rodeiam para não terem de puxar pela massa encefálica, se é que a têm, nem pelos braços, que depois não há dinheiro para instalações judiciais, escolas, hospitais e para tudo o mais que é preciso e tem interesse real.